Auto-retrato (1928, MNAC).
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Lissabon (1930-1931, CAM).
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Retrato do pintor Paulo Ferreira (1934, MNAC).
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Bailarico no Bairro (c. 1936, MNAC).
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«Mário Eloy (1900 – 1951 Mário Eloy de Jesus Pereira), justamente considerado  como um dos artistas portugueses mais marcantes do século XX, nasceu a  15 de Março de 1900, em Algés, Lisboa. (...) Em 1913, abandonou o Liceu e  matriculou-se na Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde apenas permaneceu  dois anos, insatisfeito com o ensino tradicional que aí se ministrava.
(...) Nos finais de 1918, ou  princípios de 1919, Eloy, rebelando-se contra a imposição familiar de um  emprego como bancário (o irmão, Raul, fora indigitado para “cuidar dos  oiros” da Casa Eloy de Jesus) fugiu para Madrid onde, no Museu do Prado,  encontrou um universo artístico que o desassossegou ao ponto de decidir  o seu futuro: ser artista. (...) Augusto Pina, cenógrafo amigo da família,  convenceu-o a voltar, prometendo-lhe trabalho no atelier do Teatro D.  Maria II, em Lisboa, onde se exercitou nas técnicas do desenho. O  contacto com o meio teatral, que lhe era familiar e que possuía uma  enorme vitalidade criativa, convinha às suas ambições artísticas,  (chegou a representar com Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro na peça “A  Ribeirinha” que estreou no Politeama em 1923) (...). As suas  primeiras experiências como pintor foram retratos de amigos, como a  actriz Maria Helena Andrade, (...).  
Em  1924 expôs pela primeira vez, juntamente com Alberto Cardoso, no Salão  de Ilustração Portuguesa do jornal O Século e, em 1925, participou no 1º  Salão de Outono da Sociedade Nacional das Belas com obras onde eram  ainda visíveis a influência de Columbano, de Zuloaga e do seu mentor  Eduardo Viana. Nessa altura entrou em contacto com António Ferro, (...) que, em 1925, criou o “Teatro  Novo”, no salão de chá do novo cinema Tivoli, tendo encomendado o pano a  Mário Eloy. A decoração foi entregue a Pacheko e os cenários a Leitão  de Barros. No mesmo ano, Eloy pintou um retrato de Ferro e fez desenhos  de amigos e pessoas importantes e influentes, no panorama cultural  português. O controverso retrato do bailarino Francis (1925) foi  apresentado no I Salão dos Independentes de 1930, onde estavam incluídos  os artistas da aventura modernista portuguesa e cujo catálogo tinha  capa desenhada por Almada Negreiros.
Em  1925, Eloy abandonou Portugal e partiu para Paris (...). Em 1927 expôs em conjunto com a artista russa Hélène Puciatieka e com o austríaco Erwin Singer na galeria Au Sacre du Printemps. A exposição foi repetida na Chez Fast,  a título individual. (...) Em Paris, Eloy teve contacto com o  Cubismo de Braque e Picasso, foi comparado a Van Dongen e profundamente  influenciado pela corrente Expressionista mas não chegou a ser tocado  pelo Surrealismo que, tendo começado por ser um movimento literário,  estava a contaminar rapidamente outras manifestações artísticas como as  Artes Plásticas e o Cinema. 
No  final de 1927, Mário deixou Paris, rumo a Berlim. Nesta cidade – onde  foi escolhido para a Sociedade de Artistas Plásticos, tendo-se tornado o  único estrangeiro inscrito – conheceu Theodora Elfriede Laura Severin,  (Dora), com quem casou no dia 31 de Janeiro de 1929, poucos dias depois  do nascimento do filho, Mário António Horslt Eloy Jesus Pereira. A  família instalou-se na Kurfurstendam Strasse, nº 141, enquanto o pintor  trabalhava num atelier na Shuter Strasse, 25 (...).
Algumas  das obras que produziu nesse tempo foram enviadas para Lisboa e  expostas no Sindicato dos Profissionais de Imprensa, em 1928. (...) Em 1930 expôs oito obras, quatro pinturas e  quatro desenhos no I Salão dos Independentes em cujo catálogo  professava o seu desejo de “ter na cabeça pincéis em vez de cabelos”, o que seria a situação ideal para “não desvirtuar a intenção no acto de pintar”, na “procura da síntese na forma”. O pintor transmitia assim a sua ansiedade quanto ao desejo de um imediatismo e de uma pureza do gesto, no acto criador. 
(...) Entretanto, Mário colaborou na revista Der Querschnitt que  contava, nas suas fileiras, com Picasso, Jean Cocteau e Grosz.  
Sempre  inquieto e insatisfeito, Eloy viajou entre Berlim e Lisboa várias vezes  e, em 1933 regressou a Portugal de vez. Retomou os seus hábitos  lisboetas e reatou uma antiga relação com a actriz Beatriz Costa. Dora  (que nunca se adaptou a Portugal) e o filho continuaram a viver na  Alemanha (...).
Durante  os anos trinta, Mário Eloy atingiu o seu apogeu como artista.  Experimentou formas e cores, desenvolveu novas técnicas e revelou uma  inclinação para temas marcados pela alegoria (“Amor” – 1935, “A Fuga” -  1938-39  e “O Poeta” - 1938). Retratou personalidades do meio artístico  português como Abel Manta, António Pedro, Diogo de Macedo e João Gaspar  Simões, pintou bailarinas russas e desenhou cenas do quotidiano, bailes  populares, o casario de Lisboa e bordéis, lugares de eleição de artistas  que aí se sentiam à vontade, longe dos constrangimentos familiares e  sociais. 
Data de 1934 a sua única obra abstracta conhecida, um óleo sobre tela intitulado “Komposição” (Natureza-Morta).  
A  partir de 1938 e agravada em 1939, a temática de Eloy evoluiu para um  inclinação ferozmente crítica, catastrófica e decadente, a prenunciar  tempos sombrios, marcados pela doença de Huntington (ou Coreia), que lhe  foi diagnosticada em 1940. O deflagrar da Guerra na Europa foi outro  factor de grande instabilidade psicológica. Em 1939 Dora e o filho  tiveram de fugir para a Checoslováquia e depois para a Holanda onde se  acolheram em casa da mãe de Dora, após a invasão do território checo  pelas tropas alemãs.
A  esperança pareceu, então, abandonar Eloy. Pintou violinistas e anjos  como Chagall (que passou por Lisboa tal como Léger, Lipchitz, Zadkine e  Kisling entre 1940 e 1941) e mostrou um lado obscuro de Lisboa, com os  seus pobres a pedir e burgueses gordos e ridículos, como as imagens  caricaturais de Grosz. (...)  
Até  ao internamento no Hospital do Telhal, em 1942, os sinais de uma  degradação gradual são bem visíveis. Eloy pintava pouco e quando o fazia  era com a intenção expressa de ganhar dinheiro. Sempre carente de  fundos, recorreu ao desenho quando não tinha dinheiro para telas,  pincéis e tintas mas continuou sempre a afirmar, orgulhosamente, a sua  condição de artista. (...) Morreu a 5 de Setembro de 1951, depois de uma agonia em que,  gradualmente, todas as faculdades o foram abandonando, mal se  apercebendo de que, no ano anterior, duas das suas obras, “Auto-Retrato”  e “Jeune Homme” tinham sido escolhidas para a Bienal de Veneza (no ano  da sua morte foi escolhido para a Bienal de S. Paulo). Não chegou a  conhecer a fama que procurava. (...) 
Mário  Eloy foi um autodidacta como Amadeo, Cristiano Cruz, Almada, Viana,  Botelho e Bernardo Marques.(...)»
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«Mário Eloy (15 March 1900 – 5 September 1951) was a Portuguese expressionist painter.
Eloy was born in Lisboa. His style shows the influence of painters like van Gogh, Picasso and, mostly, from the German expressionist painting, that he admired during his staying in Germany, from 1927 to 1932, specially Carl Hofer.
After returning to Portugal, he become the best representative from  expressionism in the Portuguese painting. Some of his latter works, like  "Enterro" (c. 1940), in his references, seems to anticipate the surrealism painting in Portugal.
He had to leave painting due to a serious mental disease, in 1944, and he spent the rest of his life in a mental institution at Rio do Mouro, where he died».
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