domingo, 7 de abril de 2024

Graça Morais

Sem título (1978, CAM-FCG, Lisboa)

Série Couleurs de la Terre (1997, Galeria O Rastro, Figueira da Foz)

-
-
-
Graça Morais nasceu a 17 de Março de 1948, em Vieiro (Trás-os-Montes). Em 1966-1967, começou o curso  curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes do Porto, concluído em 1971. Em 1970, fez uma viagem pela Europa, onde visitou Londres, Amesterdão, Roterdão e Paris, tendo desenvolvido o seu apreço por Van Gogh e Rembrandt, descobrindo também Francis Bacon - interesses artísticos que depois se foram alargando a autores de outras épocas e culturas. A sua experiência como professora, nomeadamente de Educação Visual, em Guimarães, contribu´ram também para que se interessasse pela arte infantil. Fez a primeira exposição individual em 1974, no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães. Em 1976-1978, com oito artistas e um crítico de arte, fundou o Grupo Puzzle, com o qual, realizou exposições de pintura, instalações e performances, destacando-se a exposição no Salon de la Jeune Peinture, em Paris, em 1977. Viveu depois em Paris, omo bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo, em 1978 realizado uma exposição sobre “A Caça” no Centro Cultural Português (Paris). Em 1979, no Vieiro, aprofundou o seu interesse pelos mitos e rituais do mundo rural. Em 1983, começou a sua relação profissional com o colecionador e galerista Manuel de Brito, realizando, na Galeria 111, em Lisboa, uma exposição de pinturas e desenhos de rostos de mulheres e perdizes, com citações da Guernica de Picasso. No ano seguinte, 1984, realizou vinte pinturas/desenhos de grandes dimensões sobre lona, que viriam a ser expostas no Museu de Arte Moderna de S. Paulo, no Brasil, com o título de Mapas e o Espírito da Oliveira. Em 1986, começou a construir um atelier no Vieiro; mas a sua vida não se fixou num único lugar, tendo trabalhado em Londres, com Paula Rego (1987) e em Cabo Verde (1988); tendo ainda atelier em Lisboa. Expôs em diversos locais, dentro e fora de Portugal, incluindo, em 1992, nos Estados Unidos da América (Washington e Nova Iorque). Em 1994 e 1997 realizou duas exposições antológicas, a primeira na Galeria da Mitra, a segunda na Culturgest, em Lisboa. Ainda em 1997, inauguraram os painéis de azulejos que fez para a estação de metropolitano Bielorrússia, em Moscovo. Em 1999, a sua filha Joana Morais produziu e realizou o documentário Na cabeça de uma mulher está a história de uma aldeia, sobre a vida e obra de Graça Morais. Em 2004, a artista concebeu painéis de azulejos para a estação de Metro da Amadora e para a central eléctrica de Vilar de Frades. Três anos depois, em 2007, foi apresentado, no Porto, no Café Guarany, o livro As Metamorfoses, coautoria Agustina Bessa-Luís e Graça Morais. No ano seguinte, 2008, foi inaugurado em Bragança o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, cujo edifício é da autoria do arquiteto Eduardo Souto Moura.
-
Cf. Centro de Arte Contemporânea Graça Morais [https://centroartegracamorais.cm-braganca.pt/pages/135]
-
Graça Morais was born on March 17, 1948, in Vieiro (Trás-os-Montes). In 1966-1967, she began the painting course at the Escola Superior de Belas Artes of Porto, completed in 1971. In 1970, she took a trip to Europe, where she visited London, Amsterdam, Rotterdam and Paris, where she developed her appreciation for Van Gogh and Rembrandt, also discovering Francis Bacon - artistic interests that later spread to authors from other eras and cultures. Her experience as a teacher, namely Visual Education, in Guimarães, also contributed to her interest in children's art. She had her first solo exhibition in 1974, at the Alberto Sampaio Museum, in Guimarães. In 1976-1978, with eight artists and an art critic, she founded the Puzzle Group, with which she held painting exhibitions, installations and performances, highlighting the exhibition at the Salon de la Jeune Peinture, in Paris, in 1977. She then lived in Paris, as a fellow at the Calouste Gulbenkian Foundation, and in 1978 held an exhibition on “The Hunt” at the Portuguese Cultural Center (Paris). In 1979, in Vieiro, she deepened her interest in the myths and rituals of the rural world. Four years later, 1983, she began her professional relationship with the collector and gallerist Manuel de Brito, holding, at Galeria 111, in Lisbon, an exhibition of paintings and drawings of women's faces and partridges, with quotes from Picasso's Guernica. The following year, 1984, she created twenty large paintings/drawings on canvas, which would be exhibited at the São Paulo Museum of Modern Art, in Brazil, with the title Maps and the Spirit of the Olive Tree. In the year of 1986, she started building a studio in Vieiro; but her life was not fixed in one place, having worked in London, with Paula Rego (1987) and in Cape Verde (1988); she also has a studio in Lisbon. She exhibited in several locations, inside and outside Portugal, including, in 1992, in the United States of America (Washington and New York). In 1994 and 1997 she held two anthological exhibitions, the first at Galeria da Mitra, the second at Culturgest, in Lisbon. Still in 1997, the tile panels she made for the Belarusian metro station in Moscow were inaugurated. In 1999, her daughter Joana Morais produced and directed the documentary In the head of a woman is the story of a village, about the life and work of Graça Morais. In 2004, the artist designed tile panels for the Amadora Metro station and the Vilar de Frades power station. Three years later, in 2007, the book As Metamorfoses, co-authored by Agustina Bessa-Luís and Graça Morais, was presented in Porto, at Café Guarany. The following year, 2008, the Graça Morais Contemporary Art Center was opened in Bragança, in a building designed by architect Eduardo Souto Moura.
-
Cf. Centro de Arte Contemporânea Graça Morais [https://centroartegracamorais.cm-braganca.pt/pages/135#]

domingo, 10 de março de 2024

Leandro Braga (1839-1897)

Cadeira da Presidência da Câmara dos Pares (1866, Assembleia da República)
-
Aparador monumental (1879, Sala de Jantar da Rainha, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa*)
-
Escultura para o restaurante Leão de Ouro (1885, Rua 1.º de Dezembro, Lisboa - cf. https://www.pl7885.dev/LPIX85)
-
Sala de Jantar da época Luís XIV (1891, Palácio Foz, Lisboa - cf. https://www.flickr.com/photos/biblarte/)
-
Fogão de Sala (c. 1894, Casa Biester, Sintra*)
-
Leandro de Sousa Braga nasceu em Braga a 22 de março de 1839, e faleceu em Lisboa a 6 de abril de 1897. Era filho de André de Sousa Braga, armador de igrejas. Desde criança que mostrava vocação para a escultura, acompanhando o seu pai às igrejas onde este trabalhava. Foi para Lisboa em 1853, com catorze anos de idade, entrando como aprendiz na oficina de entalhador Inácio Caetano, tornando-se oficial ao fim de três anos de aprendizagem. Foi nessa época que executou a decoração da tribuna do teatro de S. Carlos. Em 1862, passou para o atelier do escultor Anatole Calmels, que então trabalhava na execução do Arco Triunfal da Praça do Comércio, onde Leandro Braga colaborou. Nesta época estava a ser construída a sala da Câmara dos Pares, e sendo o escultor Calmels encarregado do modelo para o dossel do trono, a execução em madeira foi realizada por Leandro Braga. Depois executou por modelo próprio a cadeira presidencial do trono. Abriu um atelier na calçada do Combro, que foi visitado pelo rei D. Fernando, que lhe encomendou alguns trabalhos. Desde essa época, executou obras de talha de grande importância, como a decoração da casa de jantar, do Palácio da Ajuda, encomenda de D. Maria Pia, que também lhe encomendou a obra de talha do seu atelier e do seu boudoir. Nas festas do centenário de Camões, em 1880, decorou o carro das Ciências, e no do marquês de Pombal, em 1882, o das Artes. Por ocasião do casamento de D. Carlos, decorou algumas salas do palácio de Belém, e executou o leito nupcial, em estilo Luís XV. Também foi o autor das decorações e da mobília da casa de jantar, estilo século XVI, do conde de Cabral; do chalé dos duques de Palmela em Cascais; da escada e gabinete Renascença, da sala de baile e da sala Luís XVI do palácio Foz; bem como, do salão, da casa de jantar, dum gabinete e da capela do chalé de Frederico Biester em Sintra. Em companhia do marquês da Foz, percorreu a França e a Inglaterra, visitando palácios e museus, aperfeiçoando os seus conhecimentos de arte, delineando o plano de decoração do palácio da Avenida, que conseguiu que fosse confiado a artistas portugueses.
-
Bibl. Portugal, Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Vol. II, Lisboa, João Romano Torres - Editor, 1906 [https://www.arqnet.pt/dicionario/braga_leandro.html]; * Pedro Bebiano Braga e Maria Helena Mendes Pinto, Leandro Braga e as Artes Decorativas (1839-1997), Instituto da Comunicação Social, 1997.
-
Leandro de Sousa Braga was born in Braga on March 22, 1839, and died in Lisbon on April 6, 1897. He was the son of André de Sousa Braga, a church builder. Since he was a child, he showed a vocation for sculpture, accompanying his father to the churches where he worked. He went to Lisbon in 1853, at the age of fourteen, entering as an apprentice in the workshop of carver Inácio Caetano, becoming an officer after three years of apprenticeship. It was at this time that he decorated the tribune of the S. Carlos theater. In 1862, he moved to the studio of the sculptor Anatole Calmels, who was then working on the execution of the Triumphal Arch in Praça do Comércio, where Leandro Braga collaborated. At this time, the Chamber of Peers room was being built, and with the sculptor Calmels in charge of the model for the throne's canopy, the wooden execution was carried out by Leandro Braga. He then created the presidential throne chair on his own model. He opened a studio on the Combro street, which was visited by King Fernando, who commissioned some works from him. Since that time, he carried out carving works of great importance, such as the decoration of the dining room at Palácio da Ajuda, commissioned by the Queen Maria Pia, who also commissioned him to carry out the carving work for her studio and her boudoir. At Camões' centenary celebrations, in 1880, he decorated the Sciences car, and at the Marquis of Pombal's, in 1882, the Arts car. On the occasion of D. Carlos's wedding, he decorated some rooms in the Belém palace, and created the wedding bed, in the Louis XV style. He was also the author of the decorations and furniture for the 16th century style dining house of the Count of Cabral; the Dukes of Palmela chalet in Cascais; the Renascença staircase and cabinet, the ballroom and the Luís XVI room of the Foz palace; as well as the hall, the dining room, an office and the chapel of Frederico Biester's chalet in Sintra. In the company of the Marquis of Foz, he traveled through France and England, visiting palaces and museums, improving his knowledge of art, outlining the decoration plan for the Avenida palace, which he managed to entrust to Portuguese artists.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Bruno José do Vale (f. 1780)

Sagrada Família (1775, Igreja de Santo António, Lisboa)
-
Martírio de São Sebastião (Igreja de Santa Isabel, Lisboa)
-
Piedade (Igreja de Nossa Senhora da Conceição Velha, Lisboa)
-
Alegoria à Pátria Portuguesa e sua Organização (detalhe) (Tecto da Sala D. Maria II, Museu Militar, Lisboa, in José-Augusto França, Museu Militar, 1996)
-
Bruno José do Vale (f. 1780) foi um pintor natural de Lisboa, que foi discípulo de José da Costa Negreiros. Trabalhou temas sagrados, alegóricos e retratos. Entre as suas obras conta-se o tecto da escada do Arsenal do Exército (Museu Militar de Lisboa), um quadro de S. Sebastião, para a Igreja de Santa Isabel, e outro na Igreja de Santo António da Sé.
-
Bibl.: Portugal, Dicionário Histórico [https://www.arqnet.pt/dicionario/valebruno.html]; A. Raczynski, Dictionnaire du Portugal, Paris, 1847, p. 292; Sousa Viterbo, Notícia de Alguns Pintores Portugueses, 3.ª série, 1911, p. 164.
-
Bruno José do Vale (f. 1780) was born in Lisbon, being a disciple of José da Costa Negreiros. He worked on sacred and allegorical themes, and portraits. Among his works are the ceiling of the stairs of the Army Arsenal (Military Museum of Lisbon), a painting of S. Sebastião for the Church of Santa Isabel, and another in the Church of Santo António da Sé.

domingo, 14 de janeiro de 2024

Thomaz de Mello (1906-1990)

Figurino para "Anjo Bom" - Teatro do Povo (1940, Museu Nacional do Teatro e da Dança, Lisboa)
-
Viloa da ilha da Madeira (miniatura) (década de 40, Museu de Arte Popular, Lisboa)
-
Projeto (1937-1942, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa)
-
-
New York (1950, Centro de Arte Moderna - Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa)
-
Thomaz de Mello (Tom) nasceu no Rio de Janeiro, a 11 de janeiro de 1906, tendo vindo para Portugal em 1926, com a companhia de teatro de Leopoldo Fróis. Tendo-se integrado entre os modernistas portugueses, entre 1935 e 1951, participou em todas as Exposições de Arte Moderna do S.P.N./S.N.I., recebendo o Prémio Francisco de Holanda em 1945. Dirigiu, com António Pedro, a Galeria UP, ao Chiado, que foi a primeira galeria comercial de arte de Lisboa, inaugurada em Março de 1933. A partir de 1937 integrou, juntamente com Carlos Botelho, Bernardo Marques, Fred Kradolfer e José Rocha, a equipa de decoradores do S.P.N. (Sociedade de Propaganda de Portugal), ficando encarregues da realização dos pavilhões de Portugal nas Exposições Internacionais de Paris (1937), Nova Iorque e S. Francisco (1939). Em 1937, obteve o Grande Prémio de Decoração e de Artesanato, na Exposição de Artes e Técnicas de Paris. Colaborou com a Companhia Portuguesa de Bailado Verde Gaio, com cenários e figurinos para o bailado Passatempo (Teatro Nacional de D. Maria II, 1941). Em 1948 integrou a equipa de artistas decoradores do Museu de Arte Popular, realizando murais no vestíbulo e nas salas de Entre-Douro-e-Minho e Algarve. Como ilustrador trabalhou em várias publicações, entre as quais a revista Panorama e a Ilustração. Em 1973, o SNI (Secretariano Nacional de Informação) organizou, no Palácio Foz, em Lisboa, uma exposição retrospetiva da sua obra. Faleceu em Lisboa, a 7 de janeiro de 1990.
-
Fonte: Wikipédia.
-
Thomaz de Mello (Tom) was born in Rio de Janeiro, on January 11, 1906, and came to Portugal in 1926, with Leopoldo Fróis' theater company. Having integrated himself among the Portuguese modernists, between 1935 and 1951, he participated in all the Modern Art Exhibitions of the S.P.N./S.N.I., receiving the Francisco de Holanda Prize in 1945. He directed, with António Pedro, the UP Gallery, in Chiado, which was the first commercial art gallery in Lisbon, opened in March 1933. From 1937 onwards, together with Carlos Botelho, Bernardo Marques, Fred Kradolfer and José Rocha, he was part of the team of decorators at S.P.N. (Propaganda Society of Portugal), being responsible for creating the Portuguese pavilions at the International Exhibitions in Paris (1937), New York and S. Francisco (1939). In 1937, he won the Grand Prize for Decoration and Crafts at the Paris Arts and Techniques Exhibition. He collaborated with the Portuguese Ballet Company Verde Gaio, with sets and costumes for the ballet Passatempo (National Theatre D. Maria II, 1941). In 1948 he joined the team of decorating artists at the Museum of Popular Art, creating murals in the lobby and rooms of Entre-Douro-e-Minho and Algarve. As an illustrator he worked in several publications, including the magazines Panorama and Ilustração. In 1973, the SNI (National Secretary of Information) organized a retrospective exhibition of his work at Palácio Foz in Lisbon. He passed away in Lisbon, on January 7, 1990.