segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Acácio Lino (1878-1956)

Palhaços Músicos (1903, Museu Nacional Soares dos Reis, Porto)
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Retrato de Lininha (1915, Museu Nacional Soares dos Reis, Porto)
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Arrancada (1928, Museu Nacional Soares dos Reis, Porto)
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Chô! Passarada! (1943, Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, Águeda)
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A Última Compra (1945, Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, Águeda)
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Acácio Lino de Magalhães nasceu em 1878, em São Salvador de Travanca (Amarante). Quando tinha doze anos, foi viver para o Porto, para casa do seu irmão Albano, tornando-se aluno de Marques de Guimarães, no seu atelier e nas aulas de Desenho Histórico e Escultura. Matriculou-se depois nas aulas de Pintura e Escultura na Academia Portuense de Belas Artes. Com um grupo de colegas instituiu um centro de estudo de modelo vivo - o "Centro do Julinho" - na Rua do Dr. Alves da Veiga, onde lecionou gratuitamente Marques de Oliveira. Quando estava no quarto ano de Pintura Histórica, concorreu ao pensionato do Estado em Paris, recebendo uma bolsa e partindo para a capital francesa em 1904. Aí foi aluno de Jean-Paul Laurens e Fernand Cormon. No regresso para Portugal, leccionou desenho no Liceu Alexandre Herculano, mas foi na Escola de Belas Artes do Porto que fez a sua carreira de docente. Em 1912, foi nomeado professor interino da disciplina de Desenho Histórico e, mais tarde, ocupou o cargo de sub-director. Tinha atelier em Travanca, onde «buscava inspiração no bucolismo da mundo rural da sua infância».  Destacou-se como autor de pintura naturalista e histórica, mas também pintou retrato e temas religiosos. As suas obras podem ser encontradas em museus e entidades portuguesas, públicas e privadas, como, por exemplo: o Palácio de S. Bento (Sala Acácio Lino) e o Museu Militar, em Lisboa; o Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto; o Museu Malhoa, nas Caldas da Rainha; o Museu Amadeo de Souza Cardoso e a Casa Museu Acácio Lino, em Amarante. Também fez escultura, tendo realizado, entre outros trabalhos, o busto de Soares dos Reis e da sua esposa Dina. Morreu em 1956.
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Bibl. - SIGARRA U.Porto
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Acácio Lino de Magalhães was born in 1878, in São Salvador de Travanca (Amarante). When he was twelve, he moved to Porto, to his brother Albano's house, becoming a student of Marques de Guimarães, in his studio and in the classes of Historical Design and Sculpture. He later enrolled in Painting and Sculpture classes at the Porto Academy of Fine Arts. With a group of colleagues, he established a living model study center - "Centro do Julinho" - on Rua do Dr. Alves da Veiga, where taught the painter Marques de Oliveira. When he was in the fourth year of Historical Painting, he ran for the State boarding school in Paris, receiving a scholarship and leaving for the French capital in 1904. There he was a student of Jean-Paul Laurens and Fernand Cormon. On his return to Portugal, he taught drawing at the Liceu Alexandre Herculano, but it was at the School of Fine Arts in Porto that he made his teaching career. In 1912, he was appointed acting professor of the discipline of Historical Design and, later, he served as deputy director. He had a studio in Travanca, where "he sought inspiration in the bucolism of the rural world of his childhood". He stood out as an author of naturalist and historical painting, but he also painted portrait and religious themes. His works can be found in museums and other Portuguese public and private institutions, such as, for example: the Palace of São Bento (Sala Acácio Lino) and the Military Museum, in Lisbon; the Soares dos Reis National Museum, in Porto; the Malhoa Museum, in Caldas da Rainha; the Amadeo de Souza Cardoso Museum and the Casa Museu Acácio Lino, in Amarante. He also made sculpture, having performed, among other works, the bust of Soares dos Reis and of his wife Dina. He died in 1956.
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domingo, 22 de novembro de 2020

Cruzeiro Seixas (1920-2020)

Sem Título (1944, Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa)
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Homenagem a Julien Gracq ou Littérature pour l’estomac (1953, Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa)
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Do espelho Maelstrong (1953, Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa)
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Estudo para local urgentemente necessário (1972, Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa)
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Novos sofrimentos do jovem Werther (1973, Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa)
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Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas (1920-2020), foi um pintor e poeta português. Frequentou a Escola António Arroio, onde fez amizade com Mário Cesariny, Marcelino Vespeira, Júlio Pomar e Fernando Azevedo. Em meados da década de 1940, aproximou-se do neorrealismo, aderindo depois ao surrealismo. Integrou o Grupo Surrealista de Lisboa, participando na primeira exposição dos Surrealistas, em Lisboa, em 1949. Em 1950, alistou-se na Marinha Mercante, tendo viajado para a África e Ásia. Em 1951, fixou-se em Angola, desenvolvendo atividade no Museu de Luanda. Data desse tempo o início da sua produção poética, tendo também realizado as primeiras exposições individuais. Regressou a Portugal em 1964. Em 1966, foi convidado por Natália Correia a ilustrar a obra Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica. No ano de 1967, recebeu uma  bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, realizando uma pequena retrospetiva na Galeria Buchholz (Lisboa) e expôs na Galeria Divulgação (Porto). Em 1970, expôs na Galeria de S. Mamede (Lisboa)  um conjunto de desenhos. Trabalhou como programador nas Galerias 111 e São Mamede. Nessa mesma década, viajou pela Europa e entrou em contacto com artistas representantes do surrealismo internacional. Na década seguinte, radicou-se no Algarve, colaborando em revistas internacionais ligadas ao surrealismo. Sendo, em 2009, agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, viveu os últimos tempos da sua vida na Casa do Artista, em Lisboa. Considerando-se um «homem que pinta» (e não um pintor), é visto como «um dos precursores portugueses do surrealismo fantástico, inspirado em De Chirico. As suas obras caracterizam-se pela conjugação entre personagens híbridas e subvertidas, assentes em planos de profundidade que seguem regras de perspectiva, luz e sombra próximos da representação da realidade. Do surrealismo proposto por Breton, interessou-lhe sobretudo a liberdade de criação» (in Galeria O Rastro).
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Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas (1920-2020), was a Portuguese painter and poet. He attended the António Arroio School, where he became friends with Mário Cesariny, Marcelino Vespeira, Júlio Pomar and Fernando Azevedo. In the mid-1940s, he approached neorealism, later adhering to surrealism. He was part of the group Grupo Surrealista de Lisboa, participating in the first exhibition of the Surrealists, in Lisbon, in 1949. In 1950, he joined the Merchant Navy, having traveled to Africa and Asia. In 1951, he settled in Angola, developing activities at the Luanda Museum. From that time, dates the beginning of his poetic production, having also made his first individual exhibitions. He returned to Portugal in 1964. In 1966, he was invited by Natália Correia to illustrate the work Anthology of Portuguese Erotic and Satirical Poetry. In 1967, he received a grant from the Calouste Gulbenkian Foundation, holding a short retrospective at Galeria Buchholz (Lisbon) and exhibiting at Galeria Divulgação (Porto). In 1970, he exhibited a set of drawings at the Galeria de S. Mamede (Lisbon). He worked as a programmer at Galerias 111 and São Mamede. In that same decade, he traveled through Europe and came into contact with artists from the international surrealism. In the following decade, he settled in the Algarve, collaborating in international magazines linked to surrealism. In 2009, he was awarded the degree of Grand Officer of the Order of Sant'Iago da Espada. Lived the last moments of his life at Casa do Artista, in Lisbon. Considering himself a “man who paints” (and not a painter), he is “considered one of the Portuguese precursors of fantastic surrealism, inspired by De Chirico. His works are characterized by the combination of hybrid and subverted characters, based on depth planes that follow rules of perspective, light and shadow close to the representation of reality. Of the surrealism proposed by Breton, he was mainly interested in the freedom of creation » (in Galeria O Rastro).

domingo, 20 de setembro de 2020

Eduardo Nery (1938-2013)

Estrutura Ambígua (1969, Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa)
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Frame II (1970)
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Capela de São José (1993, Basílica de Fátima)
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Metamorfose I (1998, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa)
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«Ingressou em 1956 no curso de Pintura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa transferindo-se para o curso de Arquitetura em 1959, do qual viria a desistir. Em 1960 é convidado por Jean Lurçat para fazer um estágio sobre tapeçaria em França. Em 1971 integrou o conjunto de artistas convidados para efetuar as pinturas para o café A Brasileira, no Chiado, para substituir as telas modernistas de 1925. Em 1973 foi um dos sócios fundadores da escola Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação, Lisboa. A sua atividade começa desde cedo a repartir-se por diversas áreas, pintura, azulejaria, tapeçaria, vitral, fotografia e colagem. Na pintura, os seus trabalhos vão desenvolver-se, no final dos anos 50, no campo do abstracionismo, seguindo primeiro uma via gestualista, para aderir depois ao movimento internacional da Op Art. Ainda nos anos 60 iniciou um trabalho regular e de grande variedade em obras de vitral, tapeçaria e azulejaria para projetos arquitetónicos e urbanísticos por todo o país. No final dos anos 60 começou a introduzir elementos tridimensionais na tela que dão à pintura uma efetiva profundidade, criando pinturas-objectos. Paralelamente começou a explorar a colagem e a fotografia, adotando a mesma postura transgressora ao combinar imagens/ fragmentos na criacção de composições sarcásticas ou improváveis. A sua obra tem sido objecto de numerosas exposições individuais e coletivas, nomeadamente no Museu Nacional de Arte Antiga, Museu Nacional de Soares dos Reis, Fundacção Calouste Gulbenkian, Culturgest e Museu Nacional do Azulejo entre muitas outras».
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Leonor Oliveira, «Eduardo Nery», Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, consultada a 20 de Setembro de 2020.
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He started in 1956 the Painting course at the Lisbon Superior School of Fine Arts, transferring to the Architecture course in 1959, which he would give up. In 1960 he was invited by Jean Lurçat to do an internship on tapestry in France. In 1971 he joined the group of artists invited to make the paintings for the A Brasileira coffee shop, in Chiado, to replace the modernist canvases of 1925. In 1973 he was one of the founding partners of the Ar.Co school - Center for Art and Communication, Lisbon. Its activity starts from an early age, spreading over several areas, painting, tiles, tapestry, stained glass, photography and collage. In painting, his works will develop, in the late 1950s, in the field of abstractionism, following a gesturalist path first, and then join the international Op Art movement. Still in the 1960s, he started a regular and wide-ranging work in works of stained glass, tapestry and tiles for architectural and urban projects throughout the country. In the late 1960s, he began to introduce three-dimensional elements to the canvas that give the painting an effective depth, creating object paintings. At the same time he began to explore collage and photography, adopting the same transgressive posture when combining images / fragments in the creation of sarcastic or improbable compositions. His work has been the subject of numerous individual and collective exhibitions, namely at the National Museum of Ancient Art, National Museum Soares dos Reis, Calouste Gulbenkian Foundation, Culturgest and the National Tile Museum, among many others.

domingo, 9 de agosto de 2020

João Reis (1899-1982)

A Merenda (1928, Museu José Malhoa)
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João Reis, filho de Carlos Reis, foi um pintor português, nascido em Lisboa a 15 de Fevereiro de 1899, tendo falecido em 1982. Fez o exame de admissão ao curso especial de Pintura da Escola de Belas Artes de Lisboa em 1915, passando a seguir para a Cadeira de Pintura Histórica. Durante o Curso obteve os prémios Lupi (Pintura de modelo vivo) e Anunciação (Pintura de um animal), e uma Medalha de Prata por ser o aluno mais classificado do Curso, terminando com 20 Valores. Aos 14 anos, expôs na Sociedade Nacional de Belas-Artes, onde alcançou uma Menção Honrosa. Faz parte da geração dos naturalistas, tendo feito parte do Grupo Ar Livre e do Grupo Silva Porto.  Embora tenha sido sobretudo um paisagista, também se destacou na pintura de retrato. Acompanhou o pai em diversas exposições, em Portugal e no estrangeiro (Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Brasil e Panamá); em 1937, recebeu medalha de prata no Salon de Paris com a obra Concerto da Rede. Em 1938, auferiu o Prémio Rocha Cabral.
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Bibliografia: Maria Rafaela Guimarães de Carvalho Moreira, A Iconografia Olisiponense na Pintura de Autor no Mercado de Arte, A Cabral Moncada Leilões no Período de 2001-2015, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2016 (Tese de Mestrado).
https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/28693/1/ulfl233820_tm.pdf
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João Reis, son of Carlos Reis, was a Portuguese painter, born in Lisbon on February 15, 1899, having died in 1982. He took the entrance exam to the special painting course at the School of Fine Arts in Lisbon in 1915, continued with the Historic Painting Chair. During the Course he obtained the Lupi (Painting of a live model) and Anunciação (Painting of an animal) prizes, and a Silver Medal for being the most classified student of the Course, ending with 20 Values. At the age of 14, he exhibited at the National Society of Fine Arts, where he achieved an Honorable Mention. He was part of the generation of naturalist painters, having been part of Grupo Ar Livre and Grupo Silva Porto. Although he was mainly a landscaper, he also excelled in portrait painting. He accompanied his father in several exhibitions, in Portugal and abroad (Spain, France, Holland, England, Brazil and Panama); in 1937, he received a silver medal at the Salon de Paris with the work Concerto da Rede. In 1938, he won the Rocha Cabral Prize.