domingo, 13 de março de 2022

Guilherme Filipe (1897-1971)

Retrato de Miguel Torga (Casa Museu Miguel Torga, Coimbra)
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Sem Título (1950, CAM-FCG, Lisboa)
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Mulher da Nazaré (1940, MDJM, Nazaré)
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Paisagem da Nazaré (1954, CAM-FCG, Lisboa)
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Guilherme Filipe Teixeira nasceu em Pampilhosa da Serra (Fajão), em 1897, falecendo em 1971. Desde muito novo que manifestou vocação para a pintura, tendo estudado nas escolas de Belas-Artes de Lisboa e de Madrid, com o apoio de Cândido Sotto Mayor. Em Lisboa, frequentou os ateliers de José Malhoa e António Tomás da Conceição Silva. Em Madrid, foi aluno de Joaquín Sorolla na Real Academia de Belas-Artes de São Fernando. Nessa cidade, montou um atelier com os escultores José Planes e José Clara, e fez parte de várias tertúlias artísticas e literárias, nomeadamente no café El Pombo. A sua estreia nas exposições madrilenas deu-se numa exposição coletiva no Palácio das Artes (1918), com um quadro de gigantescas proporções intitulado Salomé, que, por não caber na porta, foi pendurado numa árvore no exterior do edifício, suscitando o interesse da imprensa espanhola e do próprio rei de Espanha. Guilherme Filipe passou também por Toledo, onde conviveu com o caricaturista Luis Bagaria. Regressando a Portugal, instalou-se em Coimbra, onde o poeta Eugénio de Castro lhe proporcionou um atelier na Faculdade de Letras, produzindo aí algumas composições, como O Retrato do Poeta (Miguel Torga de quem era amigo pessoal). Em 1923, realizou nesta cidade a primeira exposição individual. Dirigiu-se depois para Paris e de novo para Madrid, só regressando definitivamente a Portugal em 1932. No ano seguinte, fundou no Estoril uma Escola de Acção Artística, em colaboração com Augusto Pina, que pouco tempo durou, por falta de recursos financeiros. Fundou também o Jardim Universitário de Belas-Artes em Lisboa, que promoveu, entre outras actividades, a criação de uma orquestra sinfónica; debates sobre arte e filosofia na Sociedade Nacional de Belas Artes; e sessões de cinema, as "matinés das terças-feiras" no cinema Tivoli, com exibição de filmes comentados (tendo sido um dos comentadores); etc. Em meados da década de 30, viveu  na Nazaré onde se dedicou a pintar temas relacionados com a pesca e os pescadores. Aí organizou a Primeira Festa do Mar (Setembro de 1939), na qual colaboraram Afonso Lopes Vieira, Joaquim Manso, Hipólito Raposo e Almada Negreiros. Foi também um elemento da ativo da fundação de um Museu da Nazaré. Em 1958 participou na campanha de apoio a Humberto Delgado à presidência da República. Esse «facto e a sua permanente crítica em relação ao estado da arte no país, apontando a falta de colecionadores e de críticos e a deficiente formação do público, confinam-no a um período de algum isolamento, dedicando-se à pintura de painéis religiosos para a ermida da sua terra natal» (cf. Santos, 2020, 132). Em Lisboa, dava aulas de pintura, na sua casa-atelier, sita na Rua Castilho 67, n.º  5. As suas obras versam sobretudo sobre retratos, naturezas mortas e figurações da Nazaré, dentro de uma estilística de aproximação ao modernismo.
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Bibl.:
Antonio Iraizoz García, «El Pintor Guilherme Filipe y Madrid», 23/7/2021, Embajada de Portugal en España ⟦https://madrid.embaixadaportugal.mne.gov.pt/es/la-embajada/noticias/sabia-que-27⟭; Dóris Santos, «Memória e representação do mar. Guilherme Filipe e Lino António, os “pintores das paisagens e gentes da Nazaré”», in Imaginários do Mar, Uma Antologia Crítica, Vol. II, 2020, pp. 115-152 ⟦https://run.unl.pt/bitstream/10362/133083/1/imaginarios_do_mar_ii_ebook_1_115_151.pdf⟭; «Guilherme Filipe» ⟦https://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_Filipe⟭; «Homenagem ao Pintor Guilherme Filipe», José Queiroga ⟦http://josequeiroga.blogspot.com/p/pintor.html⟭.
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Guilherme Filipe Teixeira was born in Pampilhosa da Serra (Fajão), in 1897, and died in 1971. From an early age he showed a vocation for painting, having studied at the Fine Arts Schools of Lisbon and Madrid, with the support of Cândido Sotto Mayor. In Lisbon, he attended the workshops of José Malhoa and António Tomás da Conceição Silva. In Madrid, he was a student of Joaquín Sorolla at the Royal Academy of Fine Arts of San Fernando. In that city, he set up a studio with the sculptors José Planes and José Clara, and took part in several artistic and literary gatherings, namely at the El Pombo café. His debut in Madrid exhibitions took place in a group exhibition at the Palácio das Artes (1918), with a painting of gigantic proportions entitled Salomé, which, as it did not fit in the door, was hung on a tree outside the building, arousing the interest of the Spanish press and the King of Spain himself. Guilherme Filipe also lived in Toledo, where he met the caricaturist Luis Bagaria. Returning to Portugal, he settled in Coimbra, where the poet Eugénio de Castro arrange him a studio at the Faculty of Arts, producing some compositions there, such as O Retrato do Poeta (Miguel Torga, with whom he was a personal friend). In 1923, he held his first solo exhibition in this city. He then went to Paris and again to Madrid, only returning definitively to Portugal in 1932. The following year, he founded a School of Artistic Action in Estoril, in collaboration with Augusto Pina, which lasted a short time, due to lack of financial resources. He also founded the Jardim Universitário de Belas-Artes in Lisbon, which promoted, among other activities, the creation of a symphony orchestra; debates on art and philosophy at the National Society of Fine Arts; and cinema sessions, the "Tuesday matinees" at the Tivoli cinema, with the exhibition of commented films (he was one of the commentators); etc. In the mid-1930s, he lived in Nazaré where he dedicated himself to painting themes related to fishing and fishermen. There he organized the Primeira Festa do Mar (September 1939), in which Afonso Lopes Vieira, Joaquim Manso, Hipólito Raposo and Almada Negreiros collaborated. He was also an active element in the foundation of a Museum of Nazaré. In 1958 he participated in the campaign to support Humberto Delgado for the presidency of the Republic. This «fact and his permanent criticism of the state of the art in the country, pointing out the lack of collectors and critics and the deficient training of the public, confined him to a period of some isolation, dedicating himself to the painting of religious panels to the hermitage of his birthplace” (cf. Santos, 2020, 132). In Lisbon, he taught painting classes at his house-atelier, located at Rua Castilho 67, no. 5. His works mainly deal with portraits, still lifes and figurations of Nazaré, within a stylistic approach to modernism.

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