domingo, 11 de dezembro de 2022

D. Maria Pia (1847-1911)

 

Fábrica de Louça de Sacavém, Prato (1874, Palácio Nacional da Pena, Sintra)
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Paisagem à Beira-Rio (1885, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa)
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Cigana (Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa)
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Gôndola em Veneza (1894, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa)
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Sintra, Castelo dos Mouros (1893, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa)
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D. Maria Pia de Sabóia nasceu em Turim, em 1847, filha do rei Vítor Emanuel II da Sardenha e da arquiduquesa austríaca Adelaide da Áustria. Foi rainha de Portugal, tendo casado com o rei D. Luís I em 1862. Ficou sobretudo conhecida como benemérita, tendo fundado estabelecimentos de solidariedade social, de que é exemplo a Creche Victor Manuel, na Tapada da Ajuda. Após a implantação da República, em 1910, partiu para o Palazzina di caccia di Stupinigi, no Piemonte , onde viria a falecer em 1911. 
Segundo o site do Palácio Nacional da Ajuda: «Tendo apreendido, enquanto jovem princesa, os rudimentos do desenho e da aguarela, foi em Portugal, já rainha, que aprimorou a técnica e desenvolveu o sentido estético e artístico, que estendeu mais tarde à fotografia. A feminilidade transmitida em algumas temáticas caminhou, no tempo, a par de uma sensibilidade para a vida que a rodeava e que ela passou à arte, sem perder os ecos das evoluções, dos movimentos inovadores que se sucediam no país e no estrangeiro. Rendida a um naturalismo muito português, não deixou de incorrer por vezes num bucolismo romantizado que a sua vontade determinou. Foi uma rainha artista, amadora e intimista, que desenhou, pintou e fotografou para si e para os que de mais perto com ela conviveram».
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Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Pia_de_Saboia; DGPC: https://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/agenda/exhibitions/um-olhar-real-obra-artistica-da-rainha-d-maria-pia-desenho-aguarela-e-fotografia/
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D. Maria Pia de Savoy was born in Turin in 1847, the daughter of King Victor Emmanuel II of Sardinia and the Austrian Archduchess Adelaide of Austria. She was queen of Portugal, having married King D. Luís I in 1862. She was mainly known as a benefactor, having founded social solidarity establishments, such as the Creche Victor Manuel, in Tapada da Ajuda. After the establishment of the Republic, in 1910, she left for the Palazzina di caccia di Stupinigi, in Piedmont, where she would die in 1911.
According to the Palácio Nacional da Ajuda website: «Having learned, as a young princess, the rudiments of drawing and watercolor, it was in Portugal, as a queen, that she improved the technique and developed an aesthetic and artistic sense, which she later extended to photography. The femininity conveyed in some themes walked, over time, along with a sensitivity to the life that surrounded her and which she passed on to art, without losing the echoes of the evolutions, of the innovative movements that followed in the country and abroad. Surrendered to a very Portuguese naturalism, she did not fail to incur at times a romanticized bucolismo that her will determined. She was an artist queen, amateur and intimate, who drew, painted and photographed for herself and for those closest to her».

domingo, 30 de outubro de 2022

Lourdes Castro (1930-2022)

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Sombra Projectada de René Bertholo (1965, Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
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Sombra Projectada de Micheline Presle (1965, Museu Coleção Berardo, Lisboa)
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Sombra de Dália (1970, Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
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Sem Título (produzido na Fábrica Sant'Anna) (1989 Museu Nacional do Azulejo, Lisboa)
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Nascida no Funchal (Ilha da Madeira), formou-se na Escola de Belas-Artes de Lisboa (1950-1956), realizando a sua primeira exposição individual, no Funchal, em 1955. Entretanto casou-se com o artista René Bertholo (1935-2005), com quem fez uma exposição na Galeria Diário de Notícias (Lisboa, 1957). O casal foi depois viver para Munique, tornando-se amigo de Jan Voss. Com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, Lourdes Castro estabeleceu-se em Paris, onde criou, com Bertholo, a revista KWY (1958-1963), que reunia também Christo, Voss, António Costa Pinheiro, José Escada, João Vieira e Gonçalo Duarte. O grupo organizou exposições em Saarbrücken, Lisboa, Paris e Bolonha. Iniciando no Fauvismo e passando pela abstração lírica, desde 1961 que Lourdes Castro se ligou ao movimento dos Nouveaux Réalistes. Em 1962, começou a trabalhar sobre sombras, realizando uma série de retratos. Em colaboração com Manuel Zimbro, apresentou, a partir de 1973, diversos espetáculos de teatro de sombras. Desde 1972, dedicou-se ao trabalho com sombras de plantas (Grande Herbário de Sombras) e acumulações de pétalas (Montanha de Flores, 1988), ou explorando os problemas da memória (Álbum de Família). Na década de 1980, aderiu ao Mail Art. Ao longo da carreira expôs em São Paulo e em diversas cidades europeias, incluindo: Paris, Londres, Munique, Amesterdão e Milão, entre outras.
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Cf. AC, «Lourdes Castro», in Museu Coleção Berardo [https://pt.museuberardo.pt/colecao/artistas/100].
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Born in Funchal (Madeira Island), she graduated from the Lisbon School of Fine Arts (1950-1956), having her first solo exhibition in Funchal in 1955. She married the artist René Bertholo (1935). -2005), with whom she made an exhibition at the Diário de Notícias Gallery (Lisbon, 1957). The couple later moved to Munich, becoming friends with Jan Voss. With a grant from the Calouste Gulbenkian Foundation, Lourdes Castro settled in Paris, where, with Bertholo, she created the magazine KWY (1958-1963), which also brought together Christo, Voss, António Costa Pinheiro, José Escada, João Vieira and Gonçalo Duarte. The group organized exhibitions in Saarbrücken, Lisbon, Paris and Bologna. Beginning with Fauvism and going through lyrical abstraction, in 1961 Lourdes Castro work was linked to the Nouveaux Réalistes movement. In 1962, she began working on shadows, creating a series of portraits. In collaboration with Manuel Zimbro, she presented, from 1973 onwards, several shadow theater shows. Since 1972, she dedicated herself to working with plant shadows (Grande Herbarium of Shadows) and petal accumulations (Montanha de Flores, 1988), or exploring the problems of memory (Family Album). In the 1980s, she joined Mail Art. Throughout her career, she exhibited in São Paulo and in several European cities, including, Paris, London, Munich, Amsterdam and Milan, among others.

domingo, 25 de setembro de 2022

João Cutileiro (1937-2021)

D. Sebastião (1970, Lagos)
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Maquete de Estátua Equestre (1978, Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa)
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Busto de D. Sancho I (Torres Novas)
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Lago das Tágides (1998, Parque das Nações, Lisboa)
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Busto de Natália Correia (Palácio de São Bento, Lisboa)
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João Cutileiro nasceu em Lisboa, em 26 de Junho de 1937. A família Cutileiro vivia na Av. Elias Garcia, numa casa frequentada por importantes personalidades da cultura portuguesa, entre eles o pintor e poeta surrealista António Pedro, que levou João Cutileiro a desenhar no seu atelier, em 1946. Entre 1949 e 1951, frequentou o estúdio do escultor Jorge Barradas, mudando-se depois para o atelier de António Duarte, onde foi assistente de canteiro. Em 1951, apresentou a sua primeira exposição individual em Reguengos de Monsaraz. Frequentou o curso de escultura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL), onde foi aluno de Leopoldo de Almeida, nos anos de 1953 e 1954. Contudo, decidiu abandonar a via académica, seguindo para Londres, onde, por influência de Paula Rego, conheceu a Slade School of Art, que frequentou entre 1955 e 1959, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, sendo aluno de Reg Butler. Nessa altura, principiou a utilizar máquinas elétricas para executar o seu trabalho, dedicando-se ao mármore. Em 1970, regressou a Portugal e instalou-se em Lagos, executando o D. Sebastião, erigido nessa mesma cidade. Entretanto, expôs as suas obras em Lisboa, Wuppertal e Dortmund (Alemanha), Washington (E.U.A.) e Évora. Em 1985, mudou-se para Évora, continuando a expor em diversos locais. Em 1990, elaborou uma exposição que se apresentou como a retrospetiva da sua arte, na Fundação Calouste Gulbenkian. Morreu no dia 5 de janeiro de 2021, em de Lisboa.
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Bibl.: Wikipédia.
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João Cutileiro was born in Lisbon in June 26, 1937. The Cutileiro family lived on Av. Elias Garcia, in a house frequented by important personalities of Portuguese culture, among them the surrealist painter and poet António Pedro, who led João Cutileiro to draw in his studio in 1946. Between 1949 and 1951, he frequented the studio of the sculptor Jorge Barradas. He then moved to António Duarte's atelier. In 1951, he presented his first solo exhibition in Reguengos de Monsaraz. He attended the sculpture course at the Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL), where he was a student of Leopoldo de Almeida, in the years 1953 and 1954. However, he decided to abandon the academic path, going to London, where, under the influence of Paula Rego, was introduced to the Slade School of Art, which he attended between 1955 and 1959, with a scholarship from the Calouste Gulbenkian Foundation, being a student of Reg Butler. At that time, he began to use electric machines to carry out his work, dedicating himself to marble. In 1970, he returned to Portugal and settled in Lagos, executing D. Sebastião, erected in that same city. In the meantime, he has exhibited his works in Lisbon, Wuppertal and Dortmund (Germany), Washington (USA) and Évora. In 1985, he moved to Évora, continuing to exhibit in different locations. In 1990, he made an exhibition that was presented as a retrospective of his art, at the Calouste Gulbenkian Foundation. He died on January 5, 2021, in Lisbon.

domingo, 10 de julho de 2022

Nadir Afonso (1920-2013)

 
Cais do Porto (1942, MNAC, Lisboa)
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Espacilimité (1957, MNAC, Lisboa)
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Babilónia (1968, MNAC, Lisboa)
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Os Portugueses (1970, Centro de Arte Moderna - FCG, Lisboa)
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"Composição período barroco" (Séc. XXI, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa)
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Nadir Afonso Rodrigues nasceu a 4 de dezembro de 1920, em Chaves, Vila Real. Em 1938 ingressou no curso de Arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Partiu depois para Paris, em 1946, onde se inscreveu na École des Beaux-Arts para estudar Pintura, e obteve, por intermédio de Portinari, uma bolsa de estudo do governo francês. Colaborou, de 1946 até 1948 e novamente em 1951, com Le Corbusier. No final de 1951 foi para o Brasil, onde trabalhou com Oscar Niemeyer. Em finais de 1954 estava de regresso a Paris, tendo participado no movimento da arte cinética, expondo em coletivas com Victor Vasarely, entre outros Neste âmbito efetuou a série Espacillimité. Em Chaves projectou a Panificadora, uma obra de referência da arquitectura portuguesa do século XX. Representou Portugal na Bienal de São Paulo, no Brasil, em 1961 e em 1969. Publicou diversos livros, entre eles Les Mécanismes de la Création Artistique (1970). Na sua obra, defendeu uma estética que pressupõe a relação das leis geométricas e universais que existem na Natureza. As suas obras iniciais ligam-se ao expressionismo, em que pintou a cidade do Porto, evoluindo em diversos períodos que desembocam no período fractal, no século XXI. Morreu a 11 de dezembro de 2013, no hospital de Cascais, onde se encontrava internado.
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Cf. Wikipédia [https://pt.wikipedia.org/wiki/Nadir_Afonso].
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Nadir Afonso Rodrigues was born on December 4, 1920, in Chaves, Vila Real. In 1938 he enrolled in the Architecture course at the Escola Superior de Belas-Artes do Porto. He then left for Paris, in 1946, where he enrolled at the École des Beaux-Arts to study painting, and obtained, through Portinari, a scholarship from the French government. He collaborated, from 1946 until 1948 and again in 1951, with Le Corbusier. At the end of 1951 he went to Brazil, where he worked with Oscar Niemeyer. At the end of 1954 he was back in Paris, having participated in the kinetic art movement, exhibiting in collective exhibitions with Victor Vasarely, among others. In this context, he produced the series Espacillimité. In Chaves he designed the Panificadora, a landmark work of 20th century Portuguese architecture. He represented Portugal at the Bienal de São Paulo, in Brazil, in 1961 and 1969. He published several books, including Les Mécanismes de la Création Artistique (1970). In his work, he defended an aesthetic that presupposes the relationship of geometric and universal laws that exist in Nature. His early works are linked to expressionism, in which he painted the city of Porto, evolving in different periods that lead to the fractal period, in the 21st century. He died on December 11, 2013, in Cascais hospital, where he was hospitalized.

domingo, 29 de maio de 2022

Maluda (1934-1999)

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Janela VII - Algarve (1980, Centro de Arte Moderna - Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa)
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Portel (1986)
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Lisboa Cais II (1990, Galeria São Mamede, Lisboa)
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Maria de Lourdes Ribeiro, conhecida por Maluda, nasceu em 1934, na cidade de Pangim, no estado de Goa, no então Estado Português da Índia. Começou por trabalhar como retratista autodidata ainda em Lourenço Marques (Maputo), onde viveu a partir de 1948. Foi lá que formou, com Garizo do Carmo, João Paulo e João Aires o grupo de pintura "Os Independentes", que expôs coletivamente em 1961, 1962 e 1963. No ano de 1963, obteve uma bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian e viajou para Portugal, onde trabalhou com o mestre Roberto de Araújo. Entre 1964 e 1967, viveu em Paris, como bolseira da Gulbenkian, tendo trabalhado na Academie de la Grande Chaumière. Durante a sua estada em Paris, conviveu com outros artistas, entre eles os pintores Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Seznes. Foi nessa altura que se interessou pelo retrato e por composições que fazem a síntese da paisagem urbana. Pintou os retratos de Amália Rodrigues e Mário Soares, entre outros. Em 1969, realizou a sua primeira exposição individual na galeria do Diário de Notícias, em Lisboa; realizando em 1973 uma grande exposição individual na Fundação Gulbenkian. Entre os anos de 1976 e 1978, foi novamente bolseira da Gulbenkian, estudando em Londres e na Suíça. A partir de 1978 dedicou-se também à temática das janelas. No ano de 1979, realizou uma exposição na Fundação Gulbenkian em Paris. O seu livro “Maluda” com prefácio de Maria Helena Vieira da Silva foi publicado em 1981. A partir de 1985, fez várias séries de selos para os Correios (CTT). No âmbito da "Lisboa Capital da Cultura", realizou uma exposição individual no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Em 1998, realizou a sua última exposição individual, "Os selos de Maluda", patrocinada pelos CTT. Morreu em Lisboa em 1999. Em 2001, o crítico e historiador de arte português, José-Augusto França elegeu seu quadro Portel (de 1986) como um dos "100 Quadros Portugueses do Século XX".
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Bibl. - Wikipédia.
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Maria de Lourdes Ribeiro, known as Maluda, was born in 1934, in the city of Panjim, in the state of Goa. She began working as a self-taught portraitist while still in Lourenço Marques (Maputo), where she lived from 1948 onwards. It was there that she formed, with Garizo do Carmo, João Paulo and João Aires, the painting group "The Independents", which collectively exhibited in 1961 , 1962 and 1963. In 1963, she obtained a scholarship from the Calouste Gulbenkian Foundation and traveled to Portugal, where she worked with master Roberto de Araújo. Between 1964 and 1967 she lived in Paris, with a Gulbenkian scholarship, having worked at the Academy of the Grande Chaumière. During her stay in Paris, she interacted with other artists, including the painters Maria Helena Vieira da Silva and Árpád Seznes. It was at that time that she became interested in portraiture and compositions that synthesize the urban landscape. She painted portraits of the fado singer Amália Rodrigues and the polititian Mário Soares, among others. In 1969 she held her first solo exhibition at the Diário de Notícias gallery in Lisbon; followed, in 1973, by a large solo exhibition at the Gulbenkian Foundation. Between 1976 and 1978, received another scholarship from the Gulbenkian Foundation, studying in London and Switzerland. From 1978 onwards she also dedicated herself to the theme of windows. In the year of 1979, she held an exhibition at the Gulbenkian Foundation in Paris. Her book “Maluda” with a preface by Maria Helena Vieira da Silva was published in 1981. As of 1985, she was invited to make several series of stamps for CTT. As part of the "Lisbon Capital of Culture", she held a solo exhibition at the Centro Cultural de Belém in Lisbon. In 1998, she held her last solo exhibition, "The Stamps of Maluda", sponsored by CTT. She died in Lisbon in 1999. In 2001, the Portuguese art historian and critic, José-Augusto França elected her painting Portel (from 1986) as one of the "100 Portuguese Paintings of the 20th Century".

domingo, 8 de maio de 2022

Jorge Colaço (1868-1942)

Projecto para azulejos (Fábrica de Pão Aliança) (1901-1942, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa)
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Projecto para peças de mobiliário (1901-1942, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa)
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Projecto para azulejos (1904-1942, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa)
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São Francisco de Assis e o lobo (1904-1942, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa)
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Vindima (1924-1940, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa)
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Jorge Rey Colaço (1868-1942) foi pintor e ceramista. Nasceu no Consulado de Portugal em Tânger (Marrocos), filho do escritor e diplomata José Daniel Colaço, 1.º barão de Colaço e Macnamara. Estudou em Lisboa, Madrid e Paris, cidade onde também trabalhou como caricaturista para o jornal Le Figaro. Foi admitido no Salon de Paris em 1893 e, anos mais tarde, em Lisboa, foi Presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes (1906-1910). Colaborou no periódico Branco e Negro e na revista Illustração portugueza, tendo sido proprietário e diretor artístico da revista O Thalassa (1913-1916). Em 1936, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Trabalhou na Fábrica de Louça de Sacavém de 1904 até 1924 e depois na Fábrica de Cerâmica Lusitânia de Lisboa e Coimbra, destacando-se sobretudo no azulejo. Os seus trabalhos em azulejo cabem estilisticamente ao Naturalismo, tendo trabalhado temáticas ligadas à história de Portugal e temas etnográficos. Destacam-se, por exemplo, os painéis para o Hotel Palácio do Buçaco, da Estação de São Bento (Porto) e no Pavilhão do Parque Eduardo VII (Lisboa).
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Cf. Wikipédia. Sobre este artista, ler: Cláudia Emanuel Franco dos Santos, A obra azulejar de Jorge Rey Colaço (1862-1942) em Portugal, Universidade Católica Portuguesa, 2020 (Tese de Doutoramento).
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Jorge Rey Colaço (1868-1942) was a painter and ceramist. He was born at the Portuguese Consulate in Tangier (Morocco), the son of the writer and diplomat José Daniel Colaço, 1st Baron of Colaço and Macnamara. He studied in Lisbon, Madrid and Paris, where he also worked as a caricaturist for the newspaper Le Figaro. He was admitted to the Paris' Salon in 1893 and, later, in Lisbon, was President of the National Society of Fine Arts (1906-1910). He collaborated in the periodical Branco e Negro and in the magazine Illustração Portugueza, being the owner and artistic director of the magazine O Thalassa (1913-1916). In 1936, he was awarded the rank of Grand Officer of the Military Order of Sant'Iago da Espada. He worked at the Fábrica de Louça de Sacavém from 1904 to 1924 and then at the Fábrica de Cerâmica Lusitânia in Lisbon and Coimbra, especially in tile. His tile works belong to the naturalist period, having worked on themes linked to the history of Portugal and ethnographic subjects. Of note, for example, are the panels for the Palace Hotel of Buçaco, for the São Bento Station (Porto) and in the Eduardo VII Park Pavilion (Lisbon).
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domingo, 13 de março de 2022

Guilherme Filipe (1897-1971)

Retrato de Miguel Torga (Casa Museu Miguel Torga, Coimbra)
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Sem Título (1950, CAM-FCG, Lisboa)
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Mulher da Nazaré (1940, MDJM, Nazaré)
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Paisagem da Nazaré (1954, CAM-FCG, Lisboa)
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Guilherme Filipe Teixeira nasceu em Pampilhosa da Serra (Fajão), em 1897, falecendo em 1971. Desde muito novo que manifestou vocação para a pintura, tendo estudado nas escolas de Belas-Artes de Lisboa e de Madrid, com o apoio de Cândido Sotto Mayor. Em Lisboa, frequentou os ateliers de José Malhoa e António Tomás da Conceição Silva. Em Madrid, foi aluno de Joaquín Sorolla na Real Academia de Belas-Artes de São Fernando. Nessa cidade, montou um atelier com os escultores José Planes e José Clara, e fez parte de várias tertúlias artísticas e literárias, nomeadamente no café El Pombo. A sua estreia nas exposições madrilenas deu-se numa exposição coletiva no Palácio das Artes (1918), com um quadro de gigantescas proporções intitulado Salomé, que, por não caber na porta, foi pendurado numa árvore no exterior do edifício, suscitando o interesse da imprensa espanhola e do próprio rei de Espanha. Guilherme Filipe passou também por Toledo, onde conviveu com o caricaturista Luis Bagaria. Regressando a Portugal, instalou-se em Coimbra, onde o poeta Eugénio de Castro lhe proporcionou um atelier na Faculdade de Letras, produzindo aí algumas composições, como O Retrato do Poeta (Miguel Torga de quem era amigo pessoal). Em 1923, realizou nesta cidade a primeira exposição individual. Dirigiu-se depois para Paris e de novo para Madrid, só regressando definitivamente a Portugal em 1932. No ano seguinte, fundou no Estoril uma Escola de Acção Artística, em colaboração com Augusto Pina, que pouco tempo durou, por falta de recursos financeiros. Fundou também o Jardim Universitário de Belas-Artes em Lisboa, que promoveu, entre outras actividades, a criação de uma orquestra sinfónica; debates sobre arte e filosofia na Sociedade Nacional de Belas Artes; e sessões de cinema, as "matinés das terças-feiras" no cinema Tivoli, com exibição de filmes comentados (tendo sido um dos comentadores); etc. Em meados da década de 30, viveu  na Nazaré onde se dedicou a pintar temas relacionados com a pesca e os pescadores. Aí organizou a Primeira Festa do Mar (Setembro de 1939), na qual colaboraram Afonso Lopes Vieira, Joaquim Manso, Hipólito Raposo e Almada Negreiros. Foi também um elemento da ativo da fundação de um Museu da Nazaré. Em 1958 participou na campanha de apoio a Humberto Delgado à presidência da República. Esse «facto e a sua permanente crítica em relação ao estado da arte no país, apontando a falta de colecionadores e de críticos e a deficiente formação do público, confinam-no a um período de algum isolamento, dedicando-se à pintura de painéis religiosos para a ermida da sua terra natal» (cf. Santos, 2020, 132). Em Lisboa, dava aulas de pintura, na sua casa-atelier, sita na Rua Castilho 67, n.º  5. As suas obras versam sobretudo sobre retratos, naturezas mortas e figurações da Nazaré, dentro de uma estilística de aproximação ao modernismo.
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Bibl.:
Antonio Iraizoz García, «El Pintor Guilherme Filipe y Madrid», 23/7/2021, Embajada de Portugal en España ⟦https://madrid.embaixadaportugal.mne.gov.pt/es/la-embajada/noticias/sabia-que-27⟭; Dóris Santos, «Memória e representação do mar. Guilherme Filipe e Lino António, os “pintores das paisagens e gentes da Nazaré”», in Imaginários do Mar, Uma Antologia Crítica, Vol. II, 2020, pp. 115-152 ⟦https://run.unl.pt/bitstream/10362/133083/1/imaginarios_do_mar_ii_ebook_1_115_151.pdf⟭; «Guilherme Filipe» ⟦https://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_Filipe⟭; «Homenagem ao Pintor Guilherme Filipe», José Queiroga ⟦http://josequeiroga.blogspot.com/p/pintor.html⟭.
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Guilherme Filipe Teixeira was born in Pampilhosa da Serra (Fajão), in 1897, and died in 1971. From an early age he showed a vocation for painting, having studied at the Fine Arts Schools of Lisbon and Madrid, with the support of Cândido Sotto Mayor. In Lisbon, he attended the workshops of José Malhoa and António Tomás da Conceição Silva. In Madrid, he was a student of Joaquín Sorolla at the Royal Academy of Fine Arts of San Fernando. In that city, he set up a studio with the sculptors José Planes and José Clara, and took part in several artistic and literary gatherings, namely at the El Pombo café. His debut in Madrid exhibitions took place in a group exhibition at the Palácio das Artes (1918), with a painting of gigantic proportions entitled Salomé, which, as it did not fit in the door, was hung on a tree outside the building, arousing the interest of the Spanish press and the King of Spain himself. Guilherme Filipe also lived in Toledo, where he met the caricaturist Luis Bagaria. Returning to Portugal, he settled in Coimbra, where the poet Eugénio de Castro arrange him a studio at the Faculty of Arts, producing some compositions there, such as O Retrato do Poeta (Miguel Torga, with whom he was a personal friend). In 1923, he held his first solo exhibition in this city. He then went to Paris and again to Madrid, only returning definitively to Portugal in 1932. The following year, he founded a School of Artistic Action in Estoril, in collaboration with Augusto Pina, which lasted a short time, due to lack of financial resources. He also founded the Jardim Universitário de Belas-Artes in Lisbon, which promoted, among other activities, the creation of a symphony orchestra; debates on art and philosophy at the National Society of Fine Arts; and cinema sessions, the "Tuesday matinees" at the Tivoli cinema, with the exhibition of commented films (he was one of the commentators); etc. In the mid-1930s, he lived in Nazaré where he dedicated himself to painting themes related to fishing and fishermen. There he organized the Primeira Festa do Mar (September 1939), in which Afonso Lopes Vieira, Joaquim Manso, Hipólito Raposo and Almada Negreiros collaborated. He was also an active element in the foundation of a Museum of Nazaré. In 1958 he participated in the campaign to support Humberto Delgado for the presidency of the Republic. This «fact and his permanent criticism of the state of the art in the country, pointing out the lack of collectors and critics and the deficient training of the public, confined him to a period of some isolation, dedicating himself to the painting of religious panels to the hermitage of his birthplace” (cf. Santos, 2020, 132). In Lisbon, he taught painting classes at his house-atelier, located at Rua Castilho 67, no. 5. His works mainly deal with portraits, still lifes and figurations of Nazaré, within a stylistic approach to modernism.

domingo, 23 de janeiro de 2022

José de Guimarães (n. 1939)

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José Maria Fernandes Marques, conhecido sob o pseudónimo de José de Guimarães, nasceu em 25 de Novembro de 1939, em Guimarães. Formado em engenharia civil, pelo Instituto Superior Técnico (Lisboa), teve formação artística com Teresa de Sousa e Gil Teixeira Lopes, tendo estudado gravura na Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses. Entre 1961 e 1966, viajou pela Europa; entre 1967 e 1974, viveu em Angola, por razões de serviço militar. Expôs desde 1960, com participação em exposições individuais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro (Espanha, França, Bélgica e Itália).
José Maria Fernandes Marques, known under the pseudonym of José de Guimarães, was born on November 25, 1939, in Guimarães. Graduated in civil engineering at Instituto Superior Técnico (Lisbon), he had artistic training with Teresa de Sousa and Gil Teixeira Lopes, having studied engraving at Sociedade Cooperativa of Portuguese Engravers. Between 1961 and 1966 he toured Europe; between 1967 and 1974 he lived in Angola for reasons of military service. He has exhibited since 1960, participating in individual and group exhibitions, both in Portugal and abroad (Spain, France, Belgium and Italy).

domingo, 2 de janeiro de 2022

Fernando Lanhas (1923-2012)

O2-44 (1943-1944, MNAC)
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Cais 44 (1943-1944, MNAC)
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P3–49 (1949, MNAC)

O10–50 (1950, MNAC)
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Formado em Arquitectura pela Escola Superior de Belas-Artes da Universidade do Porto em 1947, é principalmente reconhecido pela sua actividade como pintor. Embora tenha iniciado as suas pesquisas pictóricas com temas figurativos, desenvolveu uma linguagem abstrata, tendo participado na organização das Exposições Independentes que foram apresentadas no Porto e noutras cidades do país entre 1943 e 1950. Participou depois em diversos certames artísticos nacionais e internacionais, com destaque para as Bienais de São Paulo (1953 e 1955) e para a Bienal de Veneza (1960). «A sua obra pictórica é concebida através da evocação de uma metodologia científica e técnica» (Joana Baião). Além da pintura, Lanhas desenvolveu outras actividades. «Como arquitecto, a sua obra insere-se numa linha racionalista, como se pode observar nas remodelações dos museus de Paços de Ferreira, Paredes, Figueira da Foz e museu militar do Porto». Na década de 1960 dedicou-se à inventariação de locais de interesse arqueológico, sobretudo do Norte de Portugal. Foi director do Museu Etnográfico e Histórico do Porto, entre 1973 e 1993. 
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Graduated in Architecture from the Superior School of Fine Arts of the University of Porto in 1947, he is mainly recognized for his activity as a painter. Although he started his pictorial research with figurative themes, he developed an abstract language, having participated in the organization of Independent Exhibitions that were presented in Porto and other cities in the country between 1943 and 1950. He later participated in several national and international artistic events, with highlighting for the São Paulo Biennials (1953 and 1955) and the Venice Biennale (1960). «His pictorial work is conceived through the evocation of a scientific and technical methodology» (Joana Baião). In addition to painting, Lanhas developed other activities. «As an architect, his work is part of a rationalist line, as can be seen in the remodeling of the museums in Paços de Ferreira, Paredes, Figueira da Foz and the military museum in Porto». In the 1960s he dedicated himself to the inventory of sites of archaeological interest, especially in Northern Portugal. He was director of the Ethnographic and Historical Museum of Porto, between 1973 and 1993.