sábado, 29 de junho de 2019

Emília Matos (1872-1935)

O Velho (1888)
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Paisagem (1889)
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Paisagem
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Marinha
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Natureza Morta com Frutos e Vegetais (1892)
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Emília Adelaide Rodrigues de Oliveira Mattos, era filha de Cândido José Luís de Mattos e Thomásia Rosalina Rodrigues de Oliveira. Nasceu em Lisboa em 17 de Abril de 1872 e morreu também em Lisboa, em 3 de Março de 1935. Casou-se, em 28 de Janeiro de 1893 com João da Cruz David e Silva. Fez o o Curso Superior de Piano do Conservatório Nacional e foi discípula do pintor Luciano Freire, tendo figurado na Exposição Industrial de 1888. A sua obra pictórica, enquadrando-se no Naturalismo, trabalhando em aguarela e óleo, debruçou-se sobre as temáticas do retrato, paisagem, pintura de flores e natureza morta.
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Bibl.: Fernando de Pamplona, Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses, Vol. IV, Barcelos, Livraria Civilização Editora, 1988, p. 93; Blogue Três Gerações.
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Emília Adelaide Rodrigues de Oliveira Mattos, was the daughter of Candido José Luís de Mattos and Thomásia Rosalina Rodrigues de Oliveira. She was born in Lisbon on April 17, 1872 and died in Lisbon on March 3, 1935. On January 28, 1893, she married João da Cruz David e Silva. She studied piano at the National Conservatory and was a disciple of the painter Luciano Freire, having appeared in the Industrial Exhibition of 1888. Her pictorial work, in the context of Naturalism, working in watercolor and oil, dealt with the themes of portraiture, landscape, painting of flowers and still life.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Arte Rupestre I

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«Convencionou-se chamar "arte rupestre" a todas as formas gráficas, pintadas ou gravadas, feitas sobre rocha. Tal expressão tem origem no termo Rupes que em latim quer dizer "pedra".
Fazem parte da arte rupestre não só as gravuras como as pinturas feitas ao ar livre em paredes, abrigos, fragas ou rochas, como também as executadas no interior das grutas (...).
Quer na escolha dos locais, da temática e da iconografia, quer até no significado e conteúdo é possível encontrar semelhanças entre muitas das estações de arte rupestre espalhadas pelo Mundo (...).
Geograficamente encontramos exemplos de arte rupestre em todos os tipos de paisagem e ambiente. Parece no entanto existir uma preferência do artista rupestre por sítios de difícil acesso como os desertos, as altas montanhas e as ilhas (...).
Outro dado comum é a proximidade da água. (...) Talvez a escolha do lugar onde pintar ou gravar tenha sido, no entanto, motivada exclusivamente pela presença fundamental do próprio elemento rochoso onde quer que ele se encontrasse.
Os temas presentes nas gravuras e pinturas são relativamente pouco variados e parecem até ser cuidadosamente seleccionados. Os animais são, por exemplo, uma presença constante, quer sozinhos e isolados, quer em grupo ou composição (...).
A figura humana parece ser muitas vezes a imagem do feiticeiro, do herói, do espírito ou da divindade mais do que a do próprio artista (...).
Raramente foram pintados ou gravados elementos da paisagem como árvores, flores, montanhas ou rios. A representação do Sol, da Lua e até das constelações é, porém, um dos temas favoritos da arte rupestre mundial.
A maioria dos exemplos conhecidos de figuras pintadas ou gravadas em todas as partes do Mundo e nas diversas condições espaciais entram, no entanto, na categoria dos símbolos ou sinais. Dela fazem parte as imagens geométricas abstractas de difícil compreensão. Nalguns casos foi possível encontrar uma explicação lógica, mas muitos deles constituem ainda elementos misteriosos dos quais talvez nunca consigamos desvendar o significado.
Vale a pena recordar que na maioria dos casos não parece existir uma diferença temática e iconográfica entre as gravuras e as pinturas. Além disso, em muitos sítios, onde vemos hoje somente gravuras, existiram no passado também pinturas que infelizmente não sobreviveram ao passar do tempo.
Não devemos esquecer que a arte rupestre conhecida é apenas um pequeno fragmento, que milagrosamente sobreviveu, da talvez vasta produção artística e intelectual dos homens que habitaram o nosso planeta».
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Mila Simões de Abreu, «A Arte Pré-Histórica e a Arqueologia», in Paulo Pereira (Dir.), História da Arte Portuguesa, Da Pré-História ao «Modo« Gótico, Temas e Debates, 1995, pp. 26-27.
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«It was agreed to call "rock art"to all graphic forms, painted or engraved, made on rock. This expression originates in the Latin term Rupes, which means "stone."
Not only are engravings and paintings done outdoors in walls, shelters, "fragas" or rocks, but also those executed inside the caves (...).
Whether in the choice of places, thematic and iconography, or even in meaning and content, it is possible to find similarities between many of the rock art stations scattered throughout the world.
Geographically we find examples of rock art in all types of landscape and environment. However, there seems to be a preference of the rock artist for places of difficult access such as deserts, high mountains and islands (...).
Another common fact is the proximity of water. (...) Perhaps the choice of where to paint or engrave has, however, been motivated exclusively by the fundamental presence of the rock element itself wherever it may be found.
The themes present in the engravings and paintings are relatively little varied and seem to be carefully selected. Animals are, for example, a constant presence, either alone and in isolation, or in a group or composition (...).
The human figure often seems to be the image of the sorcerer, the hero, the spirit or the divinity more than the image of the artist himself (...).
Rarely have landscape elements such as trees, flowers, mountains or rivers been painted or engraved. The representation of the Sun, the Moon and even the constellations is, however, one of the favorite themes of world rock art.
Most known examples of figures painted or engraved in all parts of the world and in the various spatial conditions enter, however, in the category of symbols or signs. It includes abstract geometric images difficult to understand. In some cases it was possible to find a logical explanation, but many of them are still mysterious elements of which we may never be able to unravel the meaning.
It is worth remembering that in most cases there seems to be no thematic and iconographic difference between the engravings and the paintings. Moreover, in many places, where we now see only engravings, there were in the past also paintings that unfortunately did not survive in the course of time.
We must not forget that the known rock art is only a small fragment that has miraculously survived from the perhaps vast artistic and intellectual production of the men who inhabited our planet».

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Domingos Vieira Serrão (1570-1632) e Simão Rodrigues (c.1560-1629)

Domingos Vieira Serrão, A Fé (c. 1597, Charola do Convento de Cristo, Tomar)
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Simão Rodrigues, Capela-mor da Sé de Leiria
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Simão Rodrigues e Domingos Vieira Serrão, Coroação da Virgem Maria (1611-1620, MNMC)
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Simão Rodrigues e Domingos Vieira Serrão, Santa Maria Madalena (1611-1620, MNMC)
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Simão Rodrigues e Domingos Vieira Serrão,  Panorama da Cidade de Lisboa sob a protecção de Nossa Senhora de Porto Seguro (c. 1620, Igreja de São Luís dos Franceses, Lisboa)
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Domingos Vieira Serrão, nascido em Tomar, foi escudeiro e depois (1619) pintor régio de Filipe II (de Portugal). Sabe-se que foi casado com uma filha do arquitecto Nicolau de Frias; viveu em Lisboa, com casa no Bairro Alto, e foi um dos fundadores da Irmandade de São Lucas (1602). No tempo de Filipe III (IV de Espanha) foi chamado a Madrid, onde terá realizado pinturas para o Palácio do Retiro. Entre as suas obras contam-se aquelas que realizou em Tomar, primeiro, entre 1592 e 1597, quando foi responsável pela decoração da Charola do Convento de Cristo; depois, em 1624, quando foi designado pintor do mesmo Convento. Nas palavras de Vítor Serrão, a sua arte «estima-se como altiva representante de uma contra-maniera oficial e de forte discurso tridentino, mas com uma "maneira" mais aberta à sedução das formas naturalistas (...)» (Serrão, 1995, 491).
Simão Rodrigues nasceu em Alcácer do Sal, cerca de 1560, estando radicado em Lisboa, em 1583, com oficina na Rua dos Vinagreiros. Foi outro dos pintores que, em 1602, fundou a Irmandade de S. Lucas. Segundo Vítor Serrão, ele «é lídimo representante  das tendências da contra-maniera reformada e autor de vasta obra» (Serrão, 1995, 482). Foi autor, por exemplo, do retábulo-mor da igreja do Convento de S. Domingos de Elvas (c. 1595, Museu Municipal de Elvas) e do retábulo-mor da Sé de Leiria.
Domingos Vieira Serrão e Simão Rodrigues fizeram parceria em diversas obras, tendo ambos trabalhado em Coimbra, por exemplo, na Igreja de Santa Cruz e na capela de S. Miguel da Universidade. Entre outras obras, desta parceria, contam-se o tecto da igreja do Hospital Real de Todos os Santos, em Lisboa (1613); e o Panorama da Cidade de Lisboa sob a protecção de Nossa Senhora de Porto Seguro (Igreja de S. Luís dos Franceses).
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Fernando de Pamplona, Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses ou que Trabalharam em Portugal, Vol. V, Barcelos, Livraria Civilização Editora, (4.ª edição) 2000, pp. 87-88 e 368-369; Vítor Serrão, «A pintura maneirista em Portugal: das brandas "maneiras" ao reforço da propaganda», in Paulo Pereira (Dir.), História da Arte Portuguesa, Vol. II, Temas e Debates, 1995, pp. 482-486 e 490-492.
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Domingos Vieira Serrão, born in Tomar, was a squire and later (1619) a royal painter of Philip II (of Portugal). It is known that he was married to a daughter of the architect Nicolau de Frias; lived in Lisbon, with a home in Bairro Alto, and was one of the founders of the Brotherhood of St. Luke (1602). In the time of Philip III (IV of Spain) was called to Madrid, where he worked at the Palace of the Retiro. Among his works are those he held in Tomar, first between 1592 and 1597, when he was responsible for the decoration of the Charola of the Convent of Christ; then in 1624, when he was appointed painter for the same Convent.
Simão Rodrigues was born in Alcácer do Sal, around 1560, and settled in Lisbon in 1583, with a workshop at Rua dos Vinagreiros. He was another of the painters who, in 1602, founded the Brotherhood of St. Luke. He was the author of, for example, the main altarpiece of the church of the Convent of S. Domingos de Elvas (c.1595, Municipal Museum of Elvas) and the main altarpiece of the Cathedral of Leiria.
Domingos Vieira Serrão and Simão Rodrigues collaborated in several works, for example, in Coimbra, in the Church of Santa Cruz and in the chapel of S. Miguel of the University. Other exemles are the ceiling of the church of the Real Hospital of All Saints, in Lisbon (1613); and the Panorama of the City of Lisbon under the protection of Our Lady of Porto Seguro (Church of S. Luís dos Franceses, Lisbon).

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Francisco de Holanda (1517-1585)

Auto-retrato de Francisco de Holanda, dando o seu livro à malícia do tempo, in De Aetatibus Mundi Imagines, f. 89r (in Lousa, 2013).
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De Aetatibus Mundi Imagines (1545, Biblioteca Nacional de España).
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Atribuído, Nossa Senhora de Belém (Família de D. João III) (c. 1550-1553, MNAA, Lisboa).
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Francisco de Holanda, Retrato de Miguel Ângelo, in Álbum dos Desenhos das Antigualhas, f.1v (1538-1564)  (in Lousa, 2013).
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Francisco de Holanda, originalmente Francisco d'Olanda (1517-1585) foi humanista, arquitecto, escultor, desenhador, iluminador e pintor. É considerado um dos mais importantes vultos do Renascimento em Portugal. Nasceu em Lisboa, filho de António d'Holanda, retratista e iluminador régio de origem flamenga, e de mãe portuguesa pertencente a família aristocrática da época. Começou a sua carreira como iluminista. Entre 1538 e 1541, fez uma viagem a Itália, com o apoio de D. João III (1521-1557). Em Roma, frequentou o grupo da poetisa Vittoria Colonna, que lhe proporcionou o convívio com grandes artistas do tempo, como Parmigianino, Giambologna e, principalmente Miguel Ângelo. Em Portugal, foi protegido pelo cardeal-arcebispo de Évora, pelos reis D. João III e D. Sebastião (1568-1578). Distinguiu-se pelos desenhos da série Antiguidades de Itália (1540-1547). Notabilizou-se como historiador de arte, denotando paixão pelo classicismo, que se reflectiu no tratado Da Pintura Antiga (1548-1549). Escreveu também Da fabrica que falece a cidade de Lisboa (1571), e livros de desenhos como De Aetatibus Mundi Imagines e Antigualhas. Como arquitecto militar, elaborou uma planta para fortaleza de Mazagão, em Marrocos. É seu o quadro Baptismo de Santo Agostinho, da Colecção Conde de Penamacor. Joaquim de Vasconcelos atribuiu-lhe um painel com toda a família de D. João III sob o manto de Nossa Senhora (MNAA).
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Bibliografia: Wikipédia.
Ver também: José Stichini Vilela, Francisco de Holanda, Vida, Pensamento e Obra, ICLP-MEC, 1982; Maria Teresa Viana Lousa, Francisco de Holanda e a Ascensão do Pintor, FBA-UL, 2013 (Tese de Doutoramento).
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Francisco de Holanda, originally Francisco d'Olanda (1517-1585) was humanist, architect, sculptor, draftsman, illuminator and painter. He is considered one of the most important figures of the Renaissance in Portugal. He was born in Lisbon, son of António d'Holanda, a portrait and illuminator of Flemish origin. Francisco de Holanda began his career as an illuminator. Between 1538 and 1541 he made a trip to Italy with the support of King John III (1521-1557). In Rome, he attended the group of the poet Vittoria Colonna, which provided him with contact with the great artists of the time, such as Parmigianino, Giambologna and, especially, Michelangelo. In Portugal, he was protected by the cardinal-archbishop of Évora, by the kings D. João III and D. Sebastião (1568-1578). Among his works, stand out the books: Antiquities of Italy (1540-1547); Da Pintura Antiga (1548-1549); Da fabrica que falece a cidade de Lisboa (1571); De Aetatibus Mundi Imagines and Antigualhas. He is the author of the painting Baptism of St. Augustine, from the Conde de Penamacor Collection. Joaquim de Vasconcelos assigned him a panel with the whole family of D. João III under the mantle of Our Lady (MNAA).