sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Francisco Smith (1881-1961)




A Costa do Castelo (Museu da Cidade, Lisboa) - Evocação de Lisboa (ou Varinas) (1949, MNAC) - As Escadinhas (c. 1934, MNAC) - A Procissão (1939, Centro de Arte Moderna - FCG) - Nyons le soir (1955, Centro de Arte Moderna - FCG).
---
Francisco Smith nasceu em Lisboa, cidade onde iniciou os seus estudos e foi aluno de José Ribeiro Júnior e de Constantino Fernandes. Estudou em Paris desde 1902 e fez parte da Exposição Livre, realizada em Lisboa em 1911. Tendo feito uma carreira secundária de artista parisiense (J.-A. França), expôs em galerias e no salon, chegando a ter obras adquiridas para museus de província e recebendo a Legião de Honra, em 1933. Casado com uma escultora francesa, Yvonne Mortier (1911), adquiriu posteriormente a naturalidade francesa. Em Portugal, expôs individualmente, em 1934. A sua pintura serena, está próxima de Bonnard, figurando paisagens construídas através de recordações de Lisboa, aldeias e vilas portuguesas.
-

Born in Lisbon, he began his studies as a pupil of José Ribeiro Júnior and Constantino Fernandes. He left for Paris in 1902, where he set up his permanent home and exhibited regularly and with some success, as can be seen from the purchase of his paintings by a number of museums. He married the sculptress Yvonne Mortier in 1911 and subsequently acquired French citizenship. In Portugal, his painting gained a growing following, both due to his deliberate naïve style and due to his choices of theme, mostly dedicated to the folk memory of Lisbon of dances and markets. Creating his own immediately identifiable style, Francis Smith helped to consolidate a lyrical vision of Lisbon which was particularly appreciated by the aesthetics of the Estado Novo.

Bibliografia / Bibliography
José-Augusto França, A Arte em Portugal no Século XX, 1911-1961, Lisboa, Bertrand Editora, 1991; Rui Mário Gonçalves, 100 Pintores Portugueses do Século XX, Lisboa, Publicações Alfa, 1986.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Emmerico Nunes (1888-1968)

-
---
-
-
---
Emmérico Hartwich Nunes nasceu em Lisboa e foi aluno da Escola de Belas-Artes, discípulo de Condeixa e Alberto Nunes, continuando depois os seus estudos em Paris, para onde partiu em 1906. Em 1910 viajou pela Inglaterra, Holanda e Bélgica e, no ano seguinte, foi viver para Munique, onde colaborou no jornal Meggendorfer Blätter. Fez parte da Exposição Livre de 1911. Com o eclodir da Guerra em 1914, mudou-se para a Suiça, mas regressou a Portugal no final da Guerra. Trabalhou também como decorador, mas destacou-se sobretudo como desenhador humorista, tendo colaborado em jornais ilustrados, como o ABC.  Em pintura salientam-se particularmente as paisagens de temas urbanos. Foi condecorado com a Ordem de Cristo e exerceu o cargo de professor na Sociedade de Belas-Artes.

Born in Lisbon, he studied at the School of Fine Arts, where he was a disciple of Ernesto Condeixa and Alberto Nunes. In 1906 he set off for Paris to continue his studies. He travelled in England, Holland and Belgium (1910) before settling in Munich (1911), where he worked on the newspaper Meggendorfer Blätter. At the outbreak of war in 1914, he moved to Switzerland, returning to Portugal in around 1918. Among his works, his humoristic drawings stand out as one of the principal paths for the transition to modernity, alongside poster art and illustration. His pictorial production, in which the main theme is landscape, is less innovative, demonstrating continuity with the naturalist system, from which it distinguishes itself particularly through the use of a light tone which is more synthetic than descriptive.

Links:
Lambiek.net

Bibliografia / Bibliography
José-Augusto França, A Arte em Portugal no Século XX, 1911-1961, Lisboa, Bertrand Editora, 1991; Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. XIX, Lisboa e Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia Lda, [1956]., p. 42.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Eduardo Viana (1881-1967)

Louça de Barcelos (1915, MNSR).
-

Pousada de Ciganos (c. 1923, MNAC).
-
Composição (1947, Museu José Malhoa).
---
Nascido em Lisboa, Eduardo Viana fez fez o curso das Belas-Artes, onde se matriculaou em 1896, tendo como mestre Veloso Salgado. Partiu depois para Paris (1905), onde foi discípulo de J. P. Laurens. Durante alguns anos frequentou as Academias Livres e viajou pela Inglaterra, Holanda e Bélgica (1910). Apesar de ainda estar em Paris, fez parte da Exposição Livre de 1911, só regressando a Portugal com o eclodir da Primeira Grande Guerra (1914). Inspirando-se inicialmente em Cézanne, foi sob a influência do casal Delaunay que efectuou as obras de maior modernidade, interessando-se então por temáticas populares. Realizou três exposições individuais (1920, 1921 e 1923) e organizou o primeiro Salão de Outono (1925). Além de temas figurativos, pintou paisagens que se destacam pela forma modernizante com que foram executadas, salientando-se A Pousada dos Ciganos. Também representou vistas de Sintra, do Algarve e do Porto. Voltou depois a Paris, onde residiu, passando pela Bélgica, até 1940. De novo em Portugal, mais uma vez devido à Guerra, dedicou-se sobretudo ao tema da natureza-morta.
-
As a rather reluctant student at the old-fashioned Academy of Fine Arts in Lisbon, it was only in Paris – where he moved in 1905 – that Eduardo Viana found his vocation as a painter. In Paris, he attended the Académies Libres and travelled to England, Holland and Belgium (1910), before returning to Portugal at the outbreak of the First World War. Initially finding inspiration in Cézanne, it was under the influence of Sonia and Robert Delaunay that he painted his most modern works, particularly during the period he lived with the artists at Vila do Conde in northern Portugal. In the 1920s, he perfected his own style, characterised by a wealth of colours and distortions of perspective, again under the influence of Cézanne. Having been one of the leading landscape painters of the first wave of Portuguese modernism, his later work focused on still-life paintings which were very elaborate in terms of composition, attempting not to represent the objects accurately, but rather their pictorial equivalents.
---
Bibliografia / Bibliography:
Fernando Dias, Ecos Expressionistas na Pintura Portuguesa (1910-1940), FCSH-UNL, 1996; José-Augusto França, A Arte em Portugal no Século XX, 1911-1961, Lisboa, Bertrand Editora, 1991; Rui Mário Gonçalves, 100 Pintores Portugueses do Século XX, Lisboa, Publicações Alfa, 1986; Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. XXXIV, Lisboa e Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia Lda, [1956], p. 894; Raquel Henriques da Silva, «Sinais de Ruptura: “Livres e Humoristas”», in História da Arte Portuguesa, Do Barroco à Contemporaneidade, Temas e Debates, 1995, pp. 369-405.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Dordio Gomes (1890-1976)

-
Paisagem (1932, Colecção da Sociedade Martins Sarmento).
-
Paisagem do Douro (1936, Centro de Arte Moderna, Lisboa).
-
-
-
Natural de Arraiolos, estudou em Lisboa, onde foi discípulo de Veloso Salgado. Em 1910, partiu como bolseiro para Paris, onde ficou até 1912, sendo aluno de J. P. Laurens. Interrompida a bolsa, voltou para a sua terra natal, mas regressou a França no início dos anos 20, fazendo depois uma série de viagens que o levariam também à Bélgica, Holanda e Itália. Foi um dos Cinco Independentes de 1923 (SNBA). Em 1926 instalou-se de novo em Arraiolos, mas foi viver para o Porto em 1933, comprometendo-se na modernização do ensino artístico na escola portuense. Pintor que, numa primeira fase, dedicou-se ao tema da paisagem alentejana, dentro do Naturalismo, influenciado por Malhoa e Columbano, desenvolveu depois uma tendência mais ligada ao Expressionismo, que se nota sobretudo em Casas de Malakoff (1923). As Éguas da Manada (1929, Museu do Chiado) recriam a paisagem do Alentejo natal, sugerindo a influencia de Franz Marc.
-
Born in Arraiolos, he studied in Lisbon, where he was a disciple of Veloso Salgado. He went to Paris on two scholarships, one before and one after the First World War, and took a series of trips to Belgium, Holland and Italy. He was one of the Five Independents of 1923 (National Society of Fine Arts), an exhibition which was key to asserting modernism in Lisbon. In 1926 he returned to Arraiolos before settling in Oporto (1933), where he was a renowned professor at the Academy of Fine Arts. As a painter, his early work focuses on Alentejo landscapes, in a naturalist style, before developing his poetics under the influence of Cézanne; his most famous works (in particular Casas de Malakoff [“Malakoff’s Houses”] (1923, Oporto, National Museum of Soares dos Reis)) show an openness to more inventive expressionist dramatization, which, however, was not followed up in his later work.

Bibliografia/ Bibluography
Fernando Dias, Ecos Expressionistas na Pintura Portuguesa (1910-1940), Vol. I, Dissertação de Mestrado, FCSH-UNL, 1996; José-Augusto França, A Arte em Portugal no Século XX, 1911-1961, Lisboa, Bertrand Editora, 1991; Rui Mário Gonçalves, 100 Pintores Portugueses do Século XX, Lisboa, Publicações Alfa, 1986; Raquel Henriques da Silva, «Sinais de Ruptura: “Livres e Humoristas”», in História da Arte Portuguesa, Do Barroco à Contemporaneidade, Temas e Debates, 1995, pp. 369-405.