domingo, 24 de setembro de 2023

D. Carlos de Bragança (1863-1908)

-
Charneca dos Almos (Alentejo) (1898, MNAC, Lisboa)
-
O Sobreiro (1905, Fundação da Casa de Bragança)
-
Arribas da Guia à Tarde (1906, Museu Histório e Diplomático - Palácio do Itamaraty, Rio de Janeiro)
-
Praia de Cascais (1906, Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Lisboa)
-
Nascido em 28 de Setembro de 1863, era filho do rei D. Luís I e da rainha D. Maria Pia de Saboia. Foi rei de Portugal desde 1889, até ao seu assassinato em 1 de Fevereiro de 1908. Foi um notável pintor, que se distinguiu sobretudo no pastel e na aguarela, tendo sido discípulo de António Manuel da Fonseca, Miguel Ângelo Lupi e Enrique Casanova. Ficaram célebres as suas marinhas, tendo sido «um dos mais fortes intérpretes do mar português» (Pamplona, 1987). São também de grande qualidade as suas representações das paisagens alentejanas e cenas da vida ribatejana. Próximo dos artistas do seu tempo, amigo de Carlos Reis (que auxiliou durante os estudos), participou em exposições colectivas, desde 1888, na Exposição Industrial de Lisboa. Também figurou nas exposições do Grémio Artístico, da Sociedade Nacional de Belas-Artes e na Exposição Universal de Paris de 1900. Foi também fotógrafo, pintor ceramista e escultor-barrista.
-
Bibl.: Fernando de Pamplona, Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses, Vol. II, Barcelos, Livraria Civilização Editora, 1987, pp. 43-46. Cf. também «Carlos I de Portugal», in Wikipédia.
-
Born on September 28, 1863, he was the king of Portugal from 1889, until his assassination on February 1, 1908. He was a notable painter, who distinguished himself especially in pastel and watercolor, having been a disciple of António Manuel da Fonseca, Miguel Ângelo Lupi and Enrique Casanova. His marine paintings became famous, having been «one of the strongest interpreters of the Portuguese sea» (Pamplona, 1987). His representations of Alentejo landscapes and scenes of Ribatejo life are also of high quality. Close to the artists of his time, a friend of Carlos Reis (who helped him during his studies), he participated in group exhibitions, since 1888, at the Lisbon Industrial Exhibition. He also appeared in the exhibitions of the Grémio Artístico, the National Society of Fine Arts and the Paris Universal Exhibition of 1900. He was also a photographer, ceramic painter and sculptor.

domingo, 20 de agosto de 2023

Laranjeira Santos (n. 1930)

Lazer I (1967)

Sem Título (1960-1970, Núcleo de Arte Contemporânea Laranjeira Santos, Figueira da Foz)


Rita (1995)

Turra-turra-turra (2001, Núcleo de Arte Contemporânea Laranjeira Santos, Figueira da Foz)
-
Laranjeira Santos nasceu em Lisboa, em 24 de Setembro de 1930. Depois de ter estudado na Escola António Arroio, ingressou, em 1951, na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, concluindo a licenciatura em Escultura em 1955, tendo sido discípulo de Leopoldo de Almeida. Entre 1952 e 1953, passou pelo atelier de António Duarte, acompanhado por João Cutileiro, de quem era amigo. Em 1955, recebeu uma bolsa para uma missão estética na Figueira da Foz, onde teve como guia o Professor António Victor Guerra (director do Museu e da Biblioteca), com cuja filha, Maria José Guerra, viria a casar em 1959. Em 1956, viajou por Inglaterra e França, onde contactou com a obra  de Henry Moore, Butler, Picasso e Brancusi. Em 1961, com uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian, foi para Itália onde permaneceu até 1963, concluindo outra licenciatura em Escultura na Accademia di Belle Arti di Roma, tendo sido aluno de Marino Marini e Manzu. De regresso a Portugal, retomou a atividade de Professor (iniciada em 1956). Em 1971 integrou a Escola Luís de Camões, onde permaneceu cerca de 20 anos. Paralelamente, deu seguimento à sua produção artística, trabalhando entre o seu atelier dos Coruchéus e o atelier de Sintra. No ano de 1986 foi seleccionado, com mais dois escultores, num concurso público da Câmara Municipal de Lisboa para a realização do Monumento a Fernando Pessoa, posteriormente interrompido. Participou em várias exposições em Portugal e no estrangeiro. Ao longo da sua carreira artística foi galardoado com diversas destinções das quais se destaca, em 2002, o Prémio de Aquisição – Academia Nacional de Belas Artes. A sua obra escultórica iniciou por uma linha figurativa com elevada simplificação das formas, adoptando volumes mais arredondados na década de 60. Nos anos 70 deu-se uma maior estilização e, no final da década de 80, passou a utilizar o poliuretano, entre outros materiais. As suas esculturas tenderam a apresentar cores saturadas, em formas imaginárias, por vezes lúdicas.
-
Laranjeira Santos was born in Lisbon, on September 24, 1930. After studying at the António Arroio School, he entered the Lisbon Superior School of Fine Arts in 1951, completing a degree in Sculpture in 1955, having been a disciple of Leopoldo de Almeida. Between 1952 and 1953, he visited António Duarte's atelier, accompanied by João Cutileiro, with whom he was a friend. In 1955, he received a scholarship for an aesthetic mission in Figueira da Foz, where he was guided by Professor António Victor Guerra (director of the Museum and Library), whose daughter, Maria José Guerra, he would marry in 1959. In 1956, traveled through England and France, where he came into contact with the work of Henry Moore, Butler, Picasso and Brancusi. In 1961, with a scholarship from the Calouste Gulbenkian Foundation, he went to Italy where he stayed until 1963, completing another degree in Sculpture at the Accademia di Belle Arti di Roma, having been a student of Marino Marini and Manzu. Back in Portugal, he resumed his activity as Professor (begun in 1956). In 1971 he joined the Luís de Camões School, where he remained for about 20 years. At the same time, he continued his artistic production, working between his atelier in Coruchéus and the atelier in Sintra. In 1986, he was selected, along with two other sculptors, in a public competition held by the Lisbon City Council to create the Monument to Fernando Pessoa, which was subsequently discontinued. He participated in several exhibitions in Portugal and abroad. Throughout his artistic career he was awarded with several distinctions, of which, in 2002, the Acquisition Prize – Academia Nacional de Belas Artes stands out. His sculptural work began with a more figurative with a high simplification of shapes, adopting more rounded volumes in the 60s. In the 1970s, greater styling took place and, at the end of the 1980s, polyurethane began to be used, among other materials. His sculptures tended to feature saturated colors in imaginary, sometimes playful, forms.

Bibliografia:

Luísa Alexandra, «Espaços de intimidade, espaços de construção de identidade : o escultor Laranjeira Santos : uma história de vida», in Arte teoria, Nº6 (2005), p. 198-215 [https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/11496/2/ULFBA_PER_ARTE%20TEORIA_N6_2005_LUISA%20ALEXANDRA.pdf]
«Laranjeira Santos», in Município da Figueira da Foz [https://www.cm-figfoz.pt/pages/1297]
«Laranjeira Santos», in Centro Português de Serigrafia [https://www.cps.pt/pt/artistas/laranjeira-santos]

domingo, 2 de julho de 2023

Querubim Lapa (1925-2016)

Feirantes (1948, MNAC, Lisboa)
-
Sem Título (1956, Centro de Arte Moderna - Gulbenkian, Lisboa)
-
Placa (Cabeça de mulher-caracol) (1970, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa)
-
Placa / Baixo Relevo (1994, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa)
-
Terraço (1994, Avenida 24 de Julho, Lisboa)
-
Querubim Lapa nasceu em Portimão, em 1925, tendo falecido em Lisboa em 2 de Maio de 2016. Artista plástico multifacetado, foi pintor, desenhador, gravador, fez trabalhos de tapeçaria, ficando sobretudo conhecido como ceramista. Começou por ser aluno do pintor Trindade Chagas, e, entre 1942 e 1946, fez o curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde foi aluno de Lino António. Entre 1947 e 1950, frequentou o curso de escultura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (ESBAL), onde foi aluno de Leopoldo de Almeida. Passou depois pela Escola do Porto (ESBAP) (onde foi aluno de Barata Feio), terminando o curso em Lisboa, em 1953. Em 1978 concluiu, na ESBAL, o curso de pintura. Iniciou a actividade de ceramista na Fábrica da Viúva Lamego, em 1953, onde desenvolveu painéis que foram integrados em obras de arquitetura de Raúl Chorão Ramalho (Centro Comercial do Restelo) e Francisco da Conceição Silva (Armazéns do Minho, Moçamedes, Angola). Em 1955 iniciou a docência na Escola António Arroio. Esteve envolvido no projeto da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, onde realizou, em 1960, a sua primeira exposição individual. Em 1978 e 1991, paricipou em exposições coletivas promovidas pelo Museu Nacional do Azulejo; em 1981 e 1982, em exposições coletivas promovidas pela Fundação Calouste Gulbenkian. No Museu Nacional do Azulejo fez um a exposição retrospectiva, em 1994. Esteticamente, a sua obra começou por se ligar ao Neorrealismo, passando depois para a Abstracção e Surrealismo. Entre os seas muitos trabalhos, destacamos, por exemplo: a decoração da Loja das Meias (Lisboa); a intervenção no Hotel Ritz; os painéis de cerâmica para a Pastelaria Mexicana (1961); o painel de azulejos A Cultura, para a Reitoria da Universidade de Lisboa (1961); o revestimento exterior e interior da Casa da Sorte, em Lisboa (1963); o relevo cerâmico do Casino do Estoril (1967); o painel Terraço, na Avenida 24 de Julho, Lisboa (1994); e o revestimento da Estação Bela Vista, no Metropolitano de Lisboa (1998).
-
Bibliografia: Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Querubim_Lapa
-
Querubim Lapa was born in Portimão, in 1925, and died in Lisbon on May 2, 2016. A multifaceted plastic artist, he was a painter, draftsman, engraver, made tapestry work, becoming known above all as a ceramist. He began by being a student of the painter Trindade Chagas, and, between 1942 and 1946, he took a course at the António Arroio School of Decorative Arts, where he was a student of Lino António. Between 1947 and 1950, he attended the sculpture course at the Lisbon Superior School of Fine Arts (ESBAL), where he was a student of Leopoldo de Almeida. He later went to the Porto School (ESBAP) (where he was a student of Barata Feio), finishing the course in Lisbon, in 1953. In 1978, he completed a painting course at ESBAL. He began his activity as a ceramist at the Viúva Lamego Factory, in 1953, where he developed panels that were integrated into architectural works by Raúl Chorão Ramalho (Centro Comercial do Restelo) and Francisco da Conceição Silva (Armazéns do Minho, Moçamedes, Angola). In 1955 he started teaching at the António Arroio School. He was involved in the Gravura (Engraving) project – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, where, in 1960, he held his first individual exhibition. In 1978 and 1991, he participated in group exhibitions promoted by the Museu Nacional do Azulejo; in 1981 and 1982, in group exhibitions promoted by the Calouste Gulbenkian Foundation. At the Museu Nacional do Azulejo, he held a retrospective exhibition in 1994. Aesthetically, his work was initially linked to Neorealism, later moving on to Abstraction and Surrealism. Among his many works, we highlight, for example: the decoration of Loja das Meias (Lisbon); the intervention at the Hotel Ritz; the ceramic panels for Pastelaria Mexicana (1961); the tile panel A Cultura, for the Rectory of the University of Lisbon (1961); the exterior and interior cladding of Casa da Sorte, in Lisbon (1963); the ceramic relief of the Estoril Casino (1967); the Terraço panel, on Avenida 24 de Julho, Lisbon (1994); and the cladding of Bela Vista Station, in the Metropolitano de Lisboa (Lisbon subway) (1998).

domingo, 4 de junho de 2023

André Gonçalves (1685-1762)

Anunciação (c. 1750, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa)


Adoração dos Reis Magos (Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra)

São João Baptista (Museu de São Roque, Lisboa)

Retrato de D. José I (Museu Nacional dos Coches, Lisboa)
-
André Gonçalves foi discípulo na oficina do pintor António de Oliveira Bernardes, entre os anos de 1701 e 1704, integrando depois a oficina do pintor genovês D. Julio Cesare Temine, onde aprofundou a formação inicial. Entrou para a Irmandade de São Lucas em 1711 e trabalhou muitas vezes em parceria com outros pintores, nomeadamente Francisco Vieira Lusitano e Inácio de Oliveira Bernardes, filho do seu primeiro mestre. Executou trabalhos para Camarate (1714), Mafra (c. 1730) e Brasil (1730); para os Paulistas (1731), Menino Deus (1730­‑1740), Madre de Deus (1746­‑1750 e 1759), Hospital de Todos­‑os­‑Santos (c. 1750), Misericórdia (1761), tudo em Lisboa; Palácio de Queluz (1752); Convento de Castelo Viegas, Colégio de Santo Agostinho e Misericórdia em Coimbra (c. 1750- ‑60); e capela do Palácio dos Condes de Oeiras (c. 1760­‑61).
-
José Alberto Machado, André Gonçalves: Um pintor do barroco português, Universidade de Évora, 1992 (Tese de Doutoramento); Susana Flor e Pedro Flor, Pintores de Lisboa, Séculos XVII-XVIII, A Irmandade de S. Lucas, Lisboa, Scribe 2016, pp. 128-129.
-
André Gonçalves was a disciple in the workshop of the painter António de Oliveira Bernardes, between 1701 and 1704, later joining the workshop of the Genoese painter D. Julio Cesare Temine, where he deepened his initial training. He joined the Brotherhood of São Lucas in 1711 and often worked in partnership with other painters, namely Francisco Vieira Lusitano and Inácio de Oliveira Bernardes, son of his first master. He executed works for Camarate (1714), Mafra (c. 1730) and Brasil (1730); for the Paulistas (1731), Menino Deus (1730‑1740), Madre de Deus (1746‑1750 and 1759), Hospital de Todos‑os‑Santos (c. 1750), Misericórdia (1761), all in Lisbon; Palace of Queluz (1752); Convent of Castelo Viegas, Colégio de Santo Agostinho e Misericórdia in Coimbra (c. 1750-‑60); and chapel of the Palace of the Counts of Oeiras (c. 1760-61).

domingo, 7 de maio de 2023

António Manuel da Fonseca (1796-1890)

O Génio das Artes - Erato (Séc. XIX, Museu Grão Vasco, Viseu)
-
Cristo entre os Doutores (Séc. XIX, Museu Grão Vasco, Viseu)
-
-
Adónis lutando com o Javali (1862, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa)
-
Ratificação do Casamento do Rei D. Luis e D. Maria Pia (1864, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa)
-
Nascido em 1796, foi discípulo de seu pai João Tomás da Fonseca, mas também de Joaquim Manuel da Rocha, na Aula de Desenho de Figura de História. A sua primeira obra conhecida foi um painel com o retrato de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, executado em 1820, para uma festa no Palácio das Laranjeiras, organizada por Joaquim Pedro Quintela, futuro Conde do Farrobo. Para este mecenas pintou, em 1822, os frescos do Palácio Quintela, na Rua do Alecrim, entre os quais se conta O Rapto das Sabinas. Entre 1826 e 1834, subsidiado pelo Estado e por Quintela, partiu para Roma, onde foi discípulo de Camuccini e de Andrea Pozzi. Em 1836, foi nomeado professor de Pintura de História da Academia de Belas-Artes, criada nesse mesmo ano. Trabalhou em escultura e pintura, incluindo pintura decorativa, inserindo a sua obra no neoclassicismo, expondo regularmente na Academia. De acordo com Maria de Aires Silveira: «Da sua produção, destacam-se equilibradas obras de cenas religiosas e uma conhecida pintura histórica Eneias salvando o seu pai Anquises do incêndio de Tróia, muito elogiada no seu dramatismo de um neoclassicismo erudito, exposta em 1843, e alterada durante décadas».
-
Fernando de Pamplona, Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses, Vol. II, Bsarcelos, Livraria Civilização Editora, 1987, pp. 317-323; Maria Aires Silveira, «António Manuel da Fonseca», Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado.
-
Born in 1796, he was a disciple of his father João Tomás da Fonseca, but also of Joaquim Manuel da Rocha, in the History Figure Drawing Class. His first known work was a panel with the portrait of D. João VI and D. Carlota Joaquina, executed in 1820, for a party at the Laranjeiras Palace, organized by Joaquim Pedro Quintela, future Count of Farrobo. For this patron he painted, in 1822, the frescoes of the Quintela Palace, on Rua do Alecrim, among which is The Abduction of the Sabines. Between 1826 and 1834, subsidized by the State and Quintela, he left for Rome, where he was a disciple of Camuccini and Andrea Pozzi. In 1836, he was appointed Professor of History Painting at the Academy of Fine Arts, created that same year. He worked in sculpture and painting, including decorative painting, inserting his work in neoclassicism, exhibiting regularly at the Academy. According to Maria de Aires Silveira: «His output includes balanced works of religious scenes and a well-known historical painting Aeneas saving his father Anchises from the fire of Troy, highly praised for its dramatism of erudite neoclassicism, exhibited in 1843 , and perfected for decades».

domingo, 12 de fevereiro de 2023

António Augusto da Costa Mota Tio (1862-1930)

Monumento a Eduardo Coelho (1904, Jardim de São Pedro de Alcântara, Lisboa)
-
Bernardim Ribeiro (1907, Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, Lisboa)
-
O Cavador (1911, Jardim da Estrela, Lisboa)
-
Busto de Rapariga (1918, Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, Lisboa)
-
O Poeta Chiado (1925, Largo do Chiado, Lisboa)
-
António Augusto da Costa Mota nasceu em 12 de Fevereiro de 1862, em Coimbra, cidade onde iniciou os seus estudos artísticos, na Associação de Artistas e na Escola Livre de Artes do Desenho, conhecendo António Augusto Gonçalves. Com o apoio do Conde do Ameal, João Maria Aires de Campos, foi viver para Lisboa para ingressar na Academia de Belas-Artes, em 1883. Nessa escola foi aluno de Silva Porto, Vítor Bastos e Simões de Almeida Júnior. Terminou o curso em 1891, expondo nesse ano no Grémio Artístico. Expôs também, posteriormente, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, onde leccionou Desenho em 1908, tendo presidido à associação em 1912, 1915 e 1917. Expôs também no Rio de Janeiro, em 1908 e 1922. Entre 1922 e 1923 viveu no Brasil, onde presidiu a secção artística do Comissariado da Exposição Internacional do Rio de Janeiro. Em 1929, expôs em Sevilha, recebendo uma medalha de ouro. Faleceu em 20 de Março de 1930, tendo vivido «essencialmente da sua arte». Foi autor de numerosas obras escultóricas, que se caracterizam pelo forte pendor naturalista. Entre os seus trabalhos, pode-se nomear Uma Velha (1891), O Remorso, Bernardim Ribeiro, monumento a Afonso de Albuquerque (1902), O Cavador (1911) e o Poeta Chiado (1925).
-
Cf. Elsa Belo, «António Augusto da Costa Mota Tio», in Arte teoria, Nº4, 2003, pp. 151-164 [https://repositorio.ul.pt/handle/10451/11421].

-
António Augusto da Costa Mota was born on February 12, 1862, in Coimbra, the city where he began his artistic studies, at the Association of Artists and at the Free School of Drawing Arts, meeting António Augusto Gonçalves. With the support of the Count of Ameal, João Maria Aires de Campos, he went to live in Lisbon to join the Academy of Fine Arts in 1883. There he studied with Silva Porto, Víctor Bastos and Simões de Almeida Júnior. He finished the course in 1891, exhibiting that year at the Grémio Artístico. He also exhibited later at the Sociedade Nacional de Belas-Artes, where he taught Drawing in 1908, having chaired the association in 1912, 1915 and 1917. He also exhibited in Rio de Janeiro, in 1908 and 1922. Between 1922 and 1923 he lived in Brazil, where he chaired the artistic section of the Commissariat of the International Exhibition of Rio de Janeiro. In 1929 he exhibited in Seville, receiving a gold medal. He died on March 20, 1930, having lived «essentially from his art». He was the author of numerous sculptural works, which are characterized by a strong naturalistic bent. Among his works, one can name Uma Velha (1891), O Remorso, Bernardim Ribeiro (1907), monument to Afonso de Albuquerque (1902), O Cavador (1911) and Poeta Chiado (1925).

domingo, 22 de janeiro de 2023

João Antunes (1643-1712)

-
-
-
-
-
João Antunes nasceu em Lisboa, a 30 de Setembro de 1643, tendo falecido na mesma cidade a 25 de Novembro de 1712. Trabalhou no Convento do Grilo em 1667 e desenhou o retábulo da Ermida de S. Francisco da Quinta do Calhariz de Sesimbra (1681). Foi discípulo do padre Francisco Tinoco da Silva e frequentou, em 1683, a escola dos Paços da Ribeira de Filipe Terzi. Foi arquitecto das Ordens Militares (1697) e arquitecto régio (1699). Ligado ao estilo Barroco, trabalhou como autor em algumas das principais obras do seu tempo, entre elas: Sacristia da Sé de Braga (1698), coro do Mosteiro de Jesus em Aveiro (1699), Igreja do Convento do Louriçal (1690) e Ermida de Nossa Senhora da Saúde em Lisboa (1705). Das obras em que esteve envolvido, destacam-se ainda a Igreja de Santa Engrácia, de que foi autor do projecto (1682); a Igreja de Bom Jesus da Cruz em Barcelos e a do Menino Deus em Lisboa (1.º pedra lançada em 1711). Além destes trabalhos, teve a seu cargo o projecto do Palácio da Bemposta (1701), a mando de D. Catarina de Bragança.
-
Bibl.:
Maria João Fontes Pereira Coutinho, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720), Faculdade de Letras de Lisboa, Dissertação de Doutoramento, 2010.
Sílvia Ferreira, «A Talha de Estilo Nacional e a Escola de Lisboa no Tempo e nas Obras de João Antunes», comunicação ao colóquio João Antunes e a Arte do seu Tempo, 2012.
José Fernandes Pereira, «O barroco do século XVII: transição e mudança» e «O barroco do século XVIII», in Paulo Pereira (dir.), História da Arte Portuguesa, Do Barroco à Contemporaneidade, Vol. III, Temas & Debates, 1995, pp. 41 e 53.
s.a., «João Antunes», in Infopédia, Porto, Porto Editora.
s.a., «João Antunes (1643-1712), in A Casa Senhorial.
-
João Antunes was born in Lisbon, on September 30, 1643, and died in the same city on November 25, 1712. He worked at the Convent of Grilo in 1667 and designed the altarpiece for the Hermitage of S. Francisco of the "Quinta do Calhariz" in Sesimbra (1681) ). He was a disciple of Father Francisco Tinoco da Silva and, in 1683, attended the school of the "Paços da Ribeira" of Filipe Terzi. He was architect of the Military Orders (1697) and regal architect (1699). Linked to the Baroque style, worked as an author on some of the main works of his time, including: Sacristy of the Cathedral of Braga (1698), choir of the Monastery of Jesus in Aveiro (1699), Church of the Convent of Louriçal (1690) and Hermitage of Nossa Senhora da Saúde in Lisbon (1705). Of the works in which he was involved, should be mentioned the Church of Santa Engrácia, in which he was the author of the project (1682); the Church of Bom Jesus da Cruz in Barcelos and the Church of Menino Deus in Lisbon (1st stone laid in 1711). In addition to these works, in 1701, he was in charge of the Bemposta Palace, at the behest of the Queen Catarina de Bragança.

domingo, 11 de dezembro de 2022

D. Maria Pia (1847-1911)

 

Fábrica de Louça de Sacavém, Prato (1874, Palácio Nacional da Pena, Sintra)
-

Paisagem à Beira-Rio (1885, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa)
-
Cigana (Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa)
-
Gôndola em Veneza (1894, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa)
-
Sintra, Castelo dos Mouros (1893, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa)
-
D. Maria Pia de Sabóia nasceu em Turim, em 1847, filha do rei Vítor Emanuel II da Sardenha e da arquiduquesa austríaca Adelaide da Áustria. Foi rainha de Portugal, tendo casado com o rei D. Luís I em 1862. Ficou sobretudo conhecida como benemérita, tendo fundado estabelecimentos de solidariedade social, de que é exemplo a Creche Victor Manuel, na Tapada da Ajuda. Após a implantação da República, em 1910, partiu para o Palazzina di caccia di Stupinigi, no Piemonte , onde viria a falecer em 1911. 
Segundo o site do Palácio Nacional da Ajuda: «Tendo apreendido, enquanto jovem princesa, os rudimentos do desenho e da aguarela, foi em Portugal, já rainha, que aprimorou a técnica e desenvolveu o sentido estético e artístico, que estendeu mais tarde à fotografia. A feminilidade transmitida em algumas temáticas caminhou, no tempo, a par de uma sensibilidade para a vida que a rodeava e que ela passou à arte, sem perder os ecos das evoluções, dos movimentos inovadores que se sucediam no país e no estrangeiro. Rendida a um naturalismo muito português, não deixou de incorrer por vezes num bucolismo romantizado que a sua vontade determinou. Foi uma rainha artista, amadora e intimista, que desenhou, pintou e fotografou para si e para os que de mais perto com ela conviveram».
-
Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Pia_de_Saboia; DGPC: https://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/agenda/exhibitions/um-olhar-real-obra-artistica-da-rainha-d-maria-pia-desenho-aguarela-e-fotografia/
-
D. Maria Pia de Savoy was born in Turin in 1847, the daughter of King Victor Emmanuel II of Sardinia and the Austrian Archduchess Adelaide of Austria. She was queen of Portugal, having married King D. Luís I in 1862. She was mainly known as a benefactor, having founded social solidarity establishments, such as the Creche Victor Manuel, in Tapada da Ajuda. After the establishment of the Republic, in 1910, she left for the Palazzina di caccia di Stupinigi, in Piedmont, where she would die in 1911.
According to the Palácio Nacional da Ajuda website: «Having learned, as a young princess, the rudiments of drawing and watercolor, it was in Portugal, as a queen, that she improved the technique and developed an aesthetic and artistic sense, which she later extended to photography. The femininity conveyed in some themes walked, over time, along with a sensitivity to the life that surrounded her and which she passed on to art, without losing the echoes of the evolutions, of the innovative movements that followed in the country and abroad. Surrendered to a very Portuguese naturalism, she did not fail to incur at times a romanticized bucolismo that her will determined. She was an artist queen, amateur and intimate, who drew, painted and photographed for herself and for those closest to her».

domingo, 30 de outubro de 2022

Lourdes Castro (1930-2022)

-
Sombra Projectada de René Bertholo (1965, Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
-
Sombra Projectada de Micheline Presle (1965, Museu Coleção Berardo, Lisboa)
-
Sombra de Dália (1970, Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
-
Sem Título (produzido na Fábrica Sant'Anna) (1989 Museu Nacional do Azulejo, Lisboa)
-
Nascida no Funchal (Ilha da Madeira), formou-se na Escola de Belas-Artes de Lisboa (1950-1956), realizando a sua primeira exposição individual, no Funchal, em 1955. Entretanto casou-se com o artista René Bertholo (1935-2005), com quem fez uma exposição na Galeria Diário de Notícias (Lisboa, 1957). O casal foi depois viver para Munique, tornando-se amigo de Jan Voss. Com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, Lourdes Castro estabeleceu-se em Paris, onde criou, com Bertholo, a revista KWY (1958-1963), que reunia também Christo, Voss, António Costa Pinheiro, José Escada, João Vieira e Gonçalo Duarte. O grupo organizou exposições em Saarbrücken, Lisboa, Paris e Bolonha. Iniciando no Fauvismo e passando pela abstração lírica, desde 1961 que Lourdes Castro se ligou ao movimento dos Nouveaux Réalistes. Em 1962, começou a trabalhar sobre sombras, realizando uma série de retratos. Em colaboração com Manuel Zimbro, apresentou, a partir de 1973, diversos espetáculos de teatro de sombras. Desde 1972, dedicou-se ao trabalho com sombras de plantas (Grande Herbário de Sombras) e acumulações de pétalas (Montanha de Flores, 1988), ou explorando os problemas da memória (Álbum de Família). Na década de 1980, aderiu ao Mail Art. Ao longo da carreira expôs em São Paulo e em diversas cidades europeias, incluindo: Paris, Londres, Munique, Amesterdão e Milão, entre outras.
-
Cf. AC, «Lourdes Castro», in Museu Coleção Berardo [https://pt.museuberardo.pt/colecao/artistas/100].
-
Born in Funchal (Madeira Island), she graduated from the Lisbon School of Fine Arts (1950-1956), having her first solo exhibition in Funchal in 1955. She married the artist René Bertholo (1935). -2005), with whom she made an exhibition at the Diário de Notícias Gallery (Lisbon, 1957). The couple later moved to Munich, becoming friends with Jan Voss. With a grant from the Calouste Gulbenkian Foundation, Lourdes Castro settled in Paris, where, with Bertholo, she created the magazine KWY (1958-1963), which also brought together Christo, Voss, António Costa Pinheiro, José Escada, João Vieira and Gonçalo Duarte. The group organized exhibitions in Saarbrücken, Lisbon, Paris and Bologna. Beginning with Fauvism and going through lyrical abstraction, in 1961 Lourdes Castro work was linked to the Nouveaux Réalistes movement. In 1962, she began working on shadows, creating a series of portraits. In collaboration with Manuel Zimbro, she presented, from 1973 onwards, several shadow theater shows. Since 1972, she dedicated herself to working with plant shadows (Grande Herbarium of Shadows) and petal accumulations (Montanha de Flores, 1988), or exploring the problems of memory (Family Album). In the 1980s, she joined Mail Art. Throughout her career, she exhibited in São Paulo and in several European cities, including, Paris, London, Munich, Amsterdam and Milan, among others.

domingo, 25 de setembro de 2022

João Cutileiro (1937-2021)

D. Sebastião (1970, Lagos)
-
Maquete de Estátua Equestre (1978, Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa)
-
Busto de D. Sancho I (Torres Novas)
-
Lago das Tágides (1998, Parque das Nações, Lisboa)
-
Busto de Natália Correia (Palácio de São Bento, Lisboa)
-
João Cutileiro nasceu em Lisboa, em 26 de Junho de 1937. A família Cutileiro vivia na Av. Elias Garcia, numa casa frequentada por importantes personalidades da cultura portuguesa, entre eles o pintor e poeta surrealista António Pedro, que levou João Cutileiro a desenhar no seu atelier, em 1946. Entre 1949 e 1951, frequentou o estúdio do escultor Jorge Barradas, mudando-se depois para o atelier de António Duarte, onde foi assistente de canteiro. Em 1951, apresentou a sua primeira exposição individual em Reguengos de Monsaraz. Frequentou o curso de escultura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL), onde foi aluno de Leopoldo de Almeida, nos anos de 1953 e 1954. Contudo, decidiu abandonar a via académica, seguindo para Londres, onde, por influência de Paula Rego, conheceu a Slade School of Art, que frequentou entre 1955 e 1959, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, sendo aluno de Reg Butler. Nessa altura, principiou a utilizar máquinas elétricas para executar o seu trabalho, dedicando-se ao mármore. Em 1970, regressou a Portugal e instalou-se em Lagos, executando o D. Sebastião, erigido nessa mesma cidade. Entretanto, expôs as suas obras em Lisboa, Wuppertal e Dortmund (Alemanha), Washington (E.U.A.) e Évora. Em 1985, mudou-se para Évora, continuando a expor em diversos locais. Em 1990, elaborou uma exposição que se apresentou como a retrospetiva da sua arte, na Fundação Calouste Gulbenkian. Morreu no dia 5 de janeiro de 2021, em de Lisboa.
-
Bibl.: Wikipédia.
-
João Cutileiro was born in Lisbon in June 26, 1937. The Cutileiro family lived on Av. Elias Garcia, in a house frequented by important personalities of Portuguese culture, among them the surrealist painter and poet António Pedro, who led João Cutileiro to draw in his studio in 1946. Between 1949 and 1951, he frequented the studio of the sculptor Jorge Barradas. He then moved to António Duarte's atelier. In 1951, he presented his first solo exhibition in Reguengos de Monsaraz. He attended the sculpture course at the Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL), where he was a student of Leopoldo de Almeida, in the years 1953 and 1954. However, he decided to abandon the academic path, going to London, where, under the influence of Paula Rego, was introduced to the Slade School of Art, which he attended between 1955 and 1959, with a scholarship from the Calouste Gulbenkian Foundation, being a student of Reg Butler. At that time, he began to use electric machines to carry out his work, dedicating himself to marble. In 1970, he returned to Portugal and settled in Lagos, executing D. Sebastião, erected in that same city. In the meantime, he has exhibited his works in Lisbon, Wuppertal and Dortmund (Germany), Washington (USA) and Évora. In 1985, he moved to Évora, continuing to exhibit in different locations. In 1990, he made an exhibition that was presented as a retrospective of his art, at the Calouste Gulbenkian Foundation. He died on January 5, 2021, in Lisbon.