segunda-feira, 16 de junho de 2025

Fred Kradolfer (1903-1968)

Sem título (1939, Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
-
Publicidade Renault (1926, in José Bártolo e Jorge Silva, Fred Kradolfer, Lisboa, Imprensa Nacional -Casa da Moeda, 2012, p. 43)
-
Maquete de ilustração, Sardinhas Portuguesasde Conserva,Instituto Portuguêsde Conservas de Peixe,ETP (1937, in José Bártolo e Jorge Silva, Fred Kradolfer, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2012, p. 28)
-
Capa de revista, Revista Municipal, n.º 66, Câmara Municipal de Lisboa (1955, in José Bártolo e Jorge Silva, Fred Kradolfer, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2012, p. 89)
-
Coisas do Mar (1967,  Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
-
Fred Kradolfer nasceu em Zurique no dia 12 de Junho de 1903. Estudou Ourivesaria na Zürich Kunstgewerbeschule (Escola de Artes Aplicadas de Zurique) e depois frequentou a Akademie der Bildenden Künste München (Academia de Belas-Artes de Munique). Durante o período que se seguiu, viveu em várias cidades europeias, tais como Roterdão, Bruxelas e Paris, onde trabalhou na decoração de montras de estabelecimentos comerciais. Veio para Portugal em 1924, atraído pelo clima soalheiro e dando início a uma profícua carreira como designer e artista gráfico. Começou por colaborar com o Atelier Arta de Artur Soares e Jorge Barradas, sendo também contratado como decorador e artista gráfico pelo Instituto Pasteur, em Lisboa. Iniciou na revista Ilustração uma série de anúncios para a oficina Irmãos Bertrand. No ano de 1928, fez o stand do Instituto Pasteur para a Exposição Industrial Médico-Cirúrgica, em estilo art déco. Da sua vasta obra, destacamos apenas alguns exemplos. Em 1930, participou no I Salão de Independentes e, ao serviço da Philips, na Exposição da Luz e Electricidade Aplicada ao Lar (na Sociedade Nacional de Belas-Artes - SNBA). Com Bernardo Marques, executou cenários para o filme mudo Ver e Amar!, de Chianca de Garcia. Em 1932, desenhou capas de livros, nomeadamente de António Botto. Nesse mesmo ano expôs na SNBA, onde regressou em 1933, 1934, 1935 e 1960. Em 1936, José Rocha fundaou o ETP — Estúdio Técnico de Publicidade — no qual juntou um grupo de artistas, entre os quais Kradolfer, mas também Maria Keil, Bernardo Marques, Ofélia Marques, Carlos Rocha, Thomaz de Mello, Botelho e Stuart. Em 1937, em Paris, pintou, com Bernardo Marques, cenários para um espetáculo preparado por António Ferro, no Théatre des Champs-Élysées. Integrou, com Bernardo Marques, José Rocha, Carlos Botelho, Thomaz de Mello e Emmérico Nunes, uma equipa responsável pela decoração e estratégia de comunicação na Exposição Internacional de Paris. Em 1939, colaborou nas exposições de Nova Iorque e São Francisco, e integrou o coletivo de pintores-decoradores da Exposição do Mundo Português de 1940. Em 1941, depois da exposição, recebeu a Comenda da Ordem Militar de Sant’Iago de Espada juntamente com os outros artistas que participaram. Em 1943, expôs na I Exposição de Artistas Ilustradores Modernos organizada pelo Secretariado Nacional de Informação (SNI). Em 1947, expôs pela primeira vez, a nível individual, na Galeria Instanta, na Rua Nova do Almada (Lisboa). Em 1952, colaborou na decoração do Cine-Teatro Monumental, projetado por Rodrigues de Lima. Em 1955, desenvolveu o seu interesse pelo azulejo, sobretudo pelas lambrilhas com motivos populares, tendo elaborado dois painéis para o Hotel Infante Santo (entre 1955 e 1957). Contribuiu também para a arte da tapeçaria, executando cartões a guache para a Manufactura de Portalegre, e participando na I Bienal Internacional de Tapeçaria de Lausana. A Câmara Municipal de Lisboa encomendou-lhe, no início dos anos 60, o projeto de painéis de azulejos para miradouros de Lisboa, a executar pela Fábrica Viúva Lamego, tendo sido concluídos os de São Pedro de Alcântara (1962), Castelo de São Jorge, Nossa Senhora do Monte (1963) e Monte Agudo (1965). Em 1965, fez as maquetas de azulejos para o Cinema Europa e para a fachada do edifício da Reitoria da Universidade de Lisboa, e as capas dos n.os 67 a 71 da Revista Municipal, para a Câmara Municipal de Lisboa. Na exposição dos Cinquenta Anos da Tapeçaria da Manufactura de Portalegre, organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, expôs a tapeçaria Pinheiros. Em junho de 1968 recebeu o prémio Diário de Notícias, pela primeira vez entregue a um artista ligado às artes gráficas, e realizou duas exposições, a primeira nos salões do SNI, no Palácio Foz, com o título "Coisas do Mar", onde apresentou 25 guaches, e a segunda, organizada por Artur Bual, na Galeria Archote. Morreu em 16 de Julho de 1968, com 65 anos.
-
Bibl.: José Bártolo e Jorge Silva, Fred Kradolfer, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2012.
-
Fred Kradolfer was born in Zurich on June 12, 1903. He studied goldsmithing at the Zürich Kunstgewerbeschule (Zurich School of Applied Arts) and then attended the Akademie der Bildenden Künste München (Munich Academy of Fine Arts). During the period that followed, he lived in several European cities, such as Rotterdam, Brussels and Paris, where he worked decorating shop windows. He came to Portugal in 1924, attracted by the sunny climate and began a fruitful career as a designer and graphic artist. He began working with the Atelier Arta of Artur Soares and Jorge Barradas, and was also hired as a decorator and graphic artist by the Pasteur Institute in Lisbon. He began a series of advertisements for the Irmãos Bertrand workshop in the magazine Ilustração. In 1928, he designed the Pasteur Institute's stand for the Medical-Surgical Industrial Exhibition, in art deco style. From his vast body of work, we can highlight just a few examples. In 1930, he participated in the 1st Independent Exhibition and, in the service of Philips, in the Exhibition of Light and Electricity Applied to the Home (at the National Society of Fine Arts - SNBA). With Bernardo Marques, he created sets for the silent film See and Love!, by Chianca de Garcia. In 1932, he designed book covers, notably for António Botto. That same year, he exhibited at the SNBA, where he returned in 1933, 1934, 1935 and 1960. In 1936, José Rocha founded the ETP — Estúdio Técnico de Publicidade — which brought together a group of artists, including Kradolfer, but also Maria Keil, Bernardo Marques, Ofélia Marques, Carlos Rocha, TOM, Botelho and Stuart. In 1937, in Paris, he painted sets with Bernardo Marques for a show prepared by António Ferro at the Théatre des Champs-Élysées. Along with Bernardo Marques, José Rocha, Carlos Botelho, Thomaz de Mello and Emmérico Nunes, he was part of the team responsible for the decoration and communication strategy at the Paris International Exhibition. In 1939, he collaborated on the exhibitions in New York and San Francisco, and was part of the collective of painters and decorators at the 1940 Portuguese World Exhibition. In 1941, after the exhibition, he received the Commendation of the Military Order of Sant’Iago de Espada along with the other artists who participated. In 1943, he exhibited at the 1st Exhibition of Modern Illustrators, organized by the National Secretariat of Information (SNI). In 1947, he exhibited his work for the first time, individually, at the Galeria Instanta, on Rua Nova do Almada (Lisbon). In 1952, he collaborated on the decoration of the Cine-Teatro Monumental, designed by Rodrigues de Lima. In 1955, he developed his interest in tiles, especially wainscoting with popular motifs, having created two panels for the Hotel Infante Santo (between 1955 and 1957). He also contributed to the art of tapestry, making gouache cards for the Manufatura de Portalegre, and participating in the 1st International Tapestry Biennial of Lausanne. In the early 1960s, the Lisbon City Council commissioned him to design tile panels for viewpoints in Lisbon, to be executed by the Fábrica Viúva Lamego, and completed those of São Pedro de Alcântara (1962), Castelo de São Jorge, Nossa Senhora do Monte (1963) and Monte Agudo (1965). In 1965, he made tile models for the Cinema Europa and for the façade of the Rectory building of the University of Lisbon, and the covers of issues 67 to 71 of the Revista Municipal, for the Lisbon City Council. At the exhibition of Fifty Years of Tapestry from the Portalegre Manufacture, organized by the Calouste Gulbenkian Foundation, he exhibited the Pinheiros tapestry. In June 1968, he received the Diário de Notícias award, the first time given to an artist linked to the graphic arts, and held two exhibitions, the first in the halls of the SNI, in the Palácio Foz, with the title "Coisas do Mar", where he presented 25 gouaches, and the second, organized by Artur Bual, in the Galeria Archote. He died on July 16, 1968, at the age of 65.

domingo, 20 de abril de 2025

Luís Noronha da Costa (1942-2020)

s/ título (objecto) (1968, Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
-
Mar Português (da série: Mares portugueses) (1982, Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
-
Do Subnaturalismo ao Sobrenaturalismo (Pintura Fria) (1988, Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
-
Sem título (Séc. XX, Museu Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco)
-
Pintura (Séc. XX, Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, Lisboa)
-
Luís Noronha da Costa nasceu em Lisboa em 1942, cidade onde faleceu em 2020. Foi estudante de arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1959-1968), começando a trabalhar com colagens e têmperas vinílicas, entre 1965 e 1966. Expôs os seus trabalhos pela primeira vez em 1967, na Galeria Quadrante (Lisboa), recebendo a aclamação crítica e numerosos prémios nacionais, ao longo dos anos seguintes. Representou Portugal na Bienal de São Paulo (1969) e na Bienal de Veneza (1970). Realizou experiências visuais no cinema, mas dedicou-se à pintura, em quase exclusividade desde de 1969, realizando duas mostras individuais: "Magritte Após Polanski" (Galeria Quadrante, 1969) e "Piero della Francesca após Lúcio Fontana" (Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa, 2005). Foi, também, crítico e teórico do cinema, com artigos sobre Godard, Fisher, Ozu, Dreyer, Syberberg, Hitchcock, entre outros. Daí resultou uma intersecção experimental dos géneros visuais do cinema e da pintura, que o levou a expor na Cinemateca Francesa (Paris, 1974), a convite de Henri Langlois. O seu trabalho mereceu duas retrospetivas na Fundação Calouste Gulbenkian (1983 e 2002) e uma no Centro Cultural de Belém (Lisboa, 2003). Recebeu ainda o Prémio Europeu de Pintura do Parlamento Europeu (1999) e o Prémio AICA/MC (2003).
-
Bibl.: Afonso Ramos, «Luís Noronha da Costa», Outubro de 2011, in Centro de Arte Moderna Gulbenkian, https://gulbenkian.pt/cam/artist/luis-noronha-da-costa/
-
Luís Noronha da Costa was born in Lisbon in 1942, where he died in 2020. He studied architecture at the Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1959-1968), and began working with collages and vinyl tempera between 1965 and 1966. He exhibited his work for the first time in 1967, at Galeria Quadrante (Lisbon), receiving critical acclaim and numerous national awards over the following years. He represented Portugal at the São Paulo Biennale (1969) and the Venice Biennale (1970). He experimented with visual cinema, but devoted himself almost exclusively to painting since 1969, holding two solo exhibitions: "Magritte After Polanski" (Galeria Quadrante, 1969) and "Piero della Francesca after Lúcio Fontana" (Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisbon, 2005). He was also a film critic and theorist, with articles on Godard, Fisher, Ozu, Dreyer, Syberberg, Hitchcock, among others. This resulted in an experimental intersection of the visual genres of cinema and painting, which led him to exhibit at the Cinémathèque Française (Paris, 1974), at the invitation of Henri Langlois. His work was the subject of two retrospectives at the Calouste Gulbenkian Foundation (1983 and 2002) and one at the Centro Cultural de Belém (Lisbon, 2003). He also received the European Painting Prize from the European Parliament (1999) and the AICA/MC Prize (2003).

domingo, 9 de março de 2025

José Manuel de Carvalho e Negreiros (1751?-1815)

Palácio dos Marqueses de Angeja (Museu Nacional do Traje) (1789, Lisboa, via SIPA)
-
«Projecto de pavilhão para o regente D. João» (1794, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, in site A Casa Senhorial)
-
José Manuel de Carvalho e Negreiros era filho de Eugénio dos Santos de Carvalho (1711-1760). Sabe-se que estudou arquitectura militar e civil em Itália, durante oito anos, tendo regressado a Portugal em 1776. A 24 de Julho de 1788 recebeu o ofício de medidor das obras dos paços, vago pela morte de Elias Sebastião Pope, lugar que deixou ao ser nomeado 2º arquitecto dos paços reais. Em 1792, era arquitecto do Senado de Lisboa e, em 1795, foi recebido na Ordem de S. Bento de Avis. Em 1804, iniciou uma obra intitulada Engenheiro civil portuguez, e, nesse mesmo ano, em 11 de Dezembro, foi nomeado arquitecto geral das obras dos paços reais e do convento da Batalha, por falecimento de Pedro Gualter da Fonseca. Trabalhou no restauro de palácios e no recenseamento do reino, tendo recebido a patente de major engenheiro com o hábito de Cristo.
-
Bibliografia: «José Carvalho e Negreiros» (última modificação: 09/01/2023), in eViterbo, site visitado em 9 de Março de 2025 - https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Jos%C3%A9_Carvalho_e_Negreiros; Helder Carita, «José Manuel de Carvalho e Negreiros and the Portuguese Civil Architecture of Late 18th Century», in Views on Eighteenth Century Culture, FERRÃO, Leonor, BERNARDO, Luís Manuel, Cambridge Scholars Publishing, 2015, pp. 151-166.
-
José Manuel de Carvalho e Negreiros was the son of Eugénio dos Santos de Carvalho (1711-1760). It is known that he studied military and civil architecture in Italy for eight years, returning to Portugal in 1776. On 24 July 1788, he was appointed surveyor of the palace works, vacant due to the death of Elias Sebastião Pope, a position he left when he was appointed 2nd architect of the royal palaces. In 1792, he was architect of the Senate of Lisbon and, in 1795, he was received into the Order of St. Benedict of Avis. In 1804, he began a project entitled Portuguese civil engineer, and, in the same year, on 11 December, he was appointed general architect of the royal palaces and the Batalha convent, following the death of Pedro Gualter da Fonseca. He worked on the restoration of palaces and the census of the kingdom, having received the rank of major engineer with the habit of Christ.

domingo, 26 de janeiro de 2025

Martinho Gomes da Fonseca (1890-1972)

Retrato de Jorge Barradas (1917, via Invaluable)
-
Nu Feminino (1920, via BestNet Leilões)
-
Retrato de Bernardino Machado (1935, Museu da Presidência da República, Lisboa)
-
Vista de um Jardim (1944, via Invaluable)
-
-
Martinho Gomes da Fonseca nasceu em Lisboa, a 3 de Janeiro de 1890. Foi aluno de Columbano Bordalo Pinheiro na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Enveredou pela carreira docente, tendo sido professor de Desenho das Escolas Industriais, nomeadamente em Angra do Heroísmo, e na Sociedade Nacional de Belas-Artes (Lisboa), de que foi presidente. Foi um dos colaboradores da revista Seara Nova e ainda da II série da revista Alma Nova (1915-1918). Expôs em Portugal e em diversas cidades europeias, sendo o autor do retrato de Bernardino Machado que consta da Galeria dos Presidentes da República Portuguesa, no Palácio de Belém. Morreu em Lisboa, a 14 de Janeiro de 1972.
-
Bibl.: «Martinho Gomes da Fonseca», in Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_Gomes_da_Fonseca
-
Martinho Gomes da Fonseca was born in Lisbon on 3 January 1890. He was a student of Columbano Bordalo Pinheiro at the Lisbon School of Fine Arts. He pursued a teaching career, having taught Drawing at Industrial Schools, namely in Angra do Heroísmo, and at the National Society of Fine Arts (Lisbon), of which he was president. He was a contributor to the magazine Seara Nova and also to the second series of the magazine Alma Nova (1915-1918). He exhibited in Portugal and in several European cities, and was the author of the portrait of Bernardino Machado that hangs in the Gallery of Presidents of the Portuguese Republic, in the Belém Palace. He died in Lisbon on 14 January 1972.

domingo, 5 de janeiro de 2025

Fernando de Azevedo (1923-2002)

Ocultação (1950, Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
-
Personagens Preciosas (1950-1951, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa)
-
Sem título (1961, Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
-
Entrevelas (Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
-
Homenagem a Picasso (1981, Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa)
-
«Fez a sua formação artística na Escola de Artes Decorativas de António Arroio (1935–1940) e frequentou o curso de Pintura da Escola de Belas-Artes de Lisboa que cedo abandona. No início dos anos 40 participou nos encontros no café Hermínius. Em 1946 e 1947, integrou a I e II Exposição Geral de Artes Plásticas, conotadas com a estética neo-realista. Entretanto, começa a interessar-se pela estética surrealista e participa como fundador na formação do Grupo Surrealista de Lisboa, em 1947, na exposição que realizam em 1949, integrando as restantes acções do Grupo. Ainda na segunda metade dos anos 40, inicia actividade como crítico de arte nos jornais Mundo Literário e Horizonte-Jornal das Artes. Em 1952, realizou com Marcelino Vespeira e Fernando Lemos uma exposição conjunta, na Casa Jalco. Desenvolve uma actividade artística que contempla desenhos, pinturas, colagens, sendo os trabalhos de «ocultação» aqueles que mais o distinguiram. A partir dos anos 50 evidencia um trabalho estético que marca uma viragem para o domínio da abstracção pela via da não-figuração e do exercício técnico do automatismo e do gestualismo. A sua obra revela um trabalho de forte pendor poético e de interioridade que se centra na atenção pela imagem e respectiva revelação das suas surpreendentes qualidades e capacidades metamórficas, sob um ponto de vista onírico e lírico. Recebeu entre vários prémios, o Grande Prémio Amadeo Souza-Cardoso, em 1999. Realizou também actividade como cenógrafo e ilustrador. Foi director do serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian, presidente da Cooperativa de Gravadores Portugueses «Gravura», Vice-Presidente da Association Internationale des Critiques d’Art (AICA) e Presidente da Secção Portuguesa, Director Artístico da revista Colóquio Arte e presidente da Sociedade Nacional de Belas-Artes, desde 1979 até 2002».
-
Adelaide Ginga, «Fernando de Azevedo», in Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado - http://www.museuartecontemporanea.gov.pt/pt/artistas/ver/32/artists; ver também «Fernando de Azevedo», in História das Exposições de Arte Gulbenkian - https://gulbenkian.pt/historia-das-exposicoes/entities/157/ e «Fernando Azevedo», in Grandes Quadros Portugueses, Ep. 15, 2 de Fevereiro de 2019 - https://www.rtp.pt/play/p1102/e387839/grandes-quadros-portugueses
-
«He received his artistic training at the António Arroio School of Decorative Arts (1935–1940) and attended the Painting course at the Lisbon School of Fine Arts, which he soon abandoned. In the early 1940s, he participated in meetings at the Hermínius café. In 1946 and 1947, he took part in the 1st and 2nd General Exhibition of Visual Arts, which were associated with neo-realist aesthetics. In the meantime, he began to take an interest in surrealist aesthetics and participated as a founder in the formation of the Lisbon Surrealist Group in 1947, in the exhibition they held in 1949, and took part in the Group's other activities. Also in the second half of the 1940s, he began working as an art critic for the newspapers Mundo Literário and Horizonte-Jornal das Artes. In 1952, he held a joint exhibition with Marcelino Vespeira and Fernando Lemos at the Casa Jalco. His artistic activity includes drawings, paintings and collages, with his works of “concealment” being the ones that have distinguished him the most. From the 1950s onwards, he demonstrated an aesthetic work that marked a shift towards the domain of abstraction through non-figuration and the technical exercise of automatism and gestures. His work reveals a work of strong poetic and interiority that focuses on the attention to the image and the respective revelation of its surprising qualities and metamorphic capacities, from a dreamlike and lyrical point of view. Among several awards, he received the Amadeo Souza-Cardoso Grand Prize in 1999. He also worked as a set designer and illustrator. He was director of the Fine Arts department of the Calouste Gulbenkian Foundation, president of the Portuguese Engravers' Cooperative «Gravura», Vice-President of the Association Internationale des Critiques d’Art (AICA) and President of the Portuguese Section, Artistic Director of the magazine Colóquio Arte and president of the National Society of Fine Arts, from 1979 to 2002».

domingo, 1 de dezembro de 2024

Vítor Bastos (1830-1894)

Cólera Morbus (1856, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa)
-
Busto do actor Anastácio Rosa (1858, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa)
-
-
Arco da Rua Augusta (1873, Lisboa)
-
Estátua de José Estevão de Magalhães (1878, Assembleia da República, Lisboa)
-
António Vítor de Figueiredo Bastos (1830-1894) fez o curso da Academia Real de Belas-Artes de Lisboa, onde foi discípulo do pintor António Manuel da Fonseca. Em 1852, estreou-se na 3.ª Exposição Trienal com a pintura Amor e Psique. Dentro da Academia ligou-se ao grupo de artistas da geração romântica que incluía os pintores Tomás da Anunciação, Francisco Metrass e Cristino da Silva, sendo o único escultor representado no retrato de grupo Cinco Artistas em Sintra (1855), de Cristino da Silva.
Em 1854, começou a lecionar a Cadeira de Desenho na Universidade de Coimbra e, no ano de 1856, participou na 4.ª Exposição Trienal daAcademia, com a tela Retrato do Visconde da Luz e a escultura Moisés. Em 1860, foi nomeado professor substituto da Academia, cargo do qual se tornou efetivo em 1881. Na 5.ª Exposição Trienal (1861) apresentou os retratos de Rodrigo da Fonseca e do Conde de Melo, bem como o baixo-relevo Cólera Morbus, adquirido pelo rei D. Luís.
No ano de 1867, estreou-se na escultura monumental com o monumento a Luís de Camões (Largo do Camões, Lisboa), onde fez representar, sob a base octogonal, figuras das letras e das ciências da época do Renascimento: Fernão Lopes, Gomes Eanes de Azurara, Pedro Nunes, João de Barros, Fernão Lopes de Castanheda, Jerónimo Corte Real, Vasco Mouzinho de Quevedo e Francisco de Sá de Meneses.
Mais tarde colaborou na decoração escultórica do arco triunfal da Rua Augusta, ao lado de Anatole Calmels, inaugurado em 1873. Para essa obra esculpiu as figuras de Vasco da Gama, Viriato, Marquês de Pombal e D. Nuno Álvares Pereira, bem como as figuras alegóricas dos rios Tejo e Douro. Da sua obra, destaca-se por fim a estátua de José Estevão de Magalhães, realizada para o Parlamento, e inaugurada em 1878.
-
Fontes: Catarina Duarte, «Vítor Bastos», in Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado - http://www.museuartecontemporanea.gov.pt/pt/artistas/ver/10/artists; «Vítor Bastos (1830-1894)«, in Assembleia da República - https://www.parlamento.pt/VisitaParlamento/Paginas/BiogVitorBastos.aspx
-
António Vítor de Figueiredo Bastos (1830-1894) studied at the Royal Academy of Fine Arts in Lisbon, where he was a disciple of the painter António Manuel da Fonseca. In 1852, he made his debut at the 3rd Triennial Exhibition with the painting Amor e Psique. Within the Academy, he joined the group of artists from the Romantic generation that included the painters Tomás da Anunciação, Francisco Metrass and Cristino da Silva, and was the only sculptor represented in the group portrait Cinco Artistas em Sintra (Five Artists in Sintra) (1855), by Cristino da Silva. 
In 1854, he began teaching Drawing at the University of Coimbra and, in 1856, he participated in the 4th Triennial Exhibition of the Academy, with the painting Retrato do Visconde da Luz and the sculpture Moisés. In 1860, he was appointed substitute professor at the Academy, a position he took up in 1881. At the 5th Triennial Exhibition (1861), he presented portraits of Rodrigo da Fonseca and the Count of Melo, as well as the bas-relief Cholera Morbus, acquired by King Luís.
In 1867, he made his debut in monumental sculpture with the monument to Luís de Camões (Largo do Camões, Lisbon), where he represented, on the octagonal base, figures of literature and science from the Renaissance period: Fernão Lopes, Gomes Eanes de Azurara, Pedro Nunes, João de Barros, Fernão Lopes de Castanheda, Jerónimo Corte Real, Vasco Mouzinho de Quevedo and Francisco de Sá de Meneses. He later collaborated on the sculptural decoration of the triumphal arch of Rua Augusta, alongside Anatole Calmels, inaugurated in 1873. For this work he sculpted the figures of Vasco da Gama, Viriato, Marquis of Pombal and D. Nuno Álvares Pereira, as well as the allegorical figures of the rivers Tagus and Douro. Finally, his work includes the statue of José Estevão de Magalhães, made for the Parliament and inaugurated in 1878.

domingo, 20 de outubro de 2024

José Luís Monteiro (1848-1942)

-
Casa Biester (1890, Sintra)
-
Igreja dos Anjos (1897, Lisboa)
-
-
José Luís Monteiro nasceu em Lisboa em 25 de Outubro 1848, filho de Tomás Luís Monteiro, canteiro de profissão, e de Gertrudes Margarida da Conceição Monteiro. Entrou para a Academia das Belas Artes de Lisboa com 12 anos, tendo sido aluno de José da Costa Sequeira, em desenho de arquitectura. Em 1872, venceu o concurso para pensionista em Paris, para onde partiu em 1873. Inscrito na École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts, estudou arquitectura civil com Jean-Louis Pascal. Em 1876, tornou-se condutor de obras da reconstrução dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Paris. No ano de 1879, recebeu o Diploma de Arquitecto, fazendo entre 1879 e 1880, uma viagem que o levou ao Sul de França, à Suíça, à Itália e a Espanha. Regressando a Portugal, em 1880, tornou-se Arquitecto-Chefe da Câmara Municipal de Lisboa nesse mesmo ano. Desde 1881, foi professor de Arquitectura Civil da Escola de Belas Artes, sendo Director deste estabelecimento entre 1912 e 1929. Como arquitecto, a sua obra insere-se no estilo ecléctico de raiz clássica da Escola de Belas-Artes de Paris, tendo sido ele que introduziu a utilização do ferro na prática arquitectónico-construtiva portuguesa. Na sua vasta obra, destaca-se, por exemplo, a Estação Central dos Caminhos de Ferro (Rossio, Lisboa, 1886-1887) e o Hotel Internacional ou Avenida Palace, contíguo (1890-1892); a casa de Ernesto Biester (Sintra, 1890), o chalet da Rainha D. Maria Pia (Cascais, 1890) e o Palácio da Herdade de Santos Jorge (Rio Frio, 1919); e o projecto de reconstrução da Igreja dos Anjos (Lisboa, 1897). Faleceu em Lisboa, em 27 de Janeiro de 1942.
-
Bibl.: TRIGUEIROS, Luiz e CUNHA, José Alves da, José Luiz Monteiro, 1848-1942, ed. Luiz Trigueiros, 2004; VIEGAS, Inês Morais (Coord.), José Luís Monteiro, Marcos de um Percurso, Câmara Municipal de Lisboa, 1998.
-
José Luís Monteiro was born in Lisbon on 25 October 1848, the son of Tomás Luís Monteiro, a stonemason by trade, and Gertrudes Margarida da Conceição Monteiro. He entered the Lisbon Academy of Fine Arts at the age of 12, having studied architectural drawing under José da Costa Sequeira. In 1872, he won a scolarship to become a student in Paris, where he went in 1873. Enrolled in the École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts, he studied civil architecture with Jean-Louis Pascal. In 1876, he became the construction manager for the reconstruction of the Paris City Hall. In 1879, he received his Diploma in Architecture, and between 1879 and 1880, he travelled to the South of France, Switzerland, Italy and Spain. Returning to Portugal in 1880, he became Chief Architect of the Lisbon City Council that same year. From 1881, he was Professor of Civil Architecture at the School of Fine Arts, and was Director of this establishment between 1912 and 1929. As an architect, his work is part of the clsssical and eclectic style of the School of Fine Arts in Paris, and it was he who introduced the use of iron into Portuguese architectural and construction practice. Among his vast work, highlights include, for example, the Central Railway Station (Rossio, Lisbon, 1886-1887) and the adjacent Hotel Internacional or Avenida Palace (1890-1892); the house of Ernesto Biester (Sintra, 1890), the chalet of Queen D. Maria Pia (Cascais, 1890) and the Palace of Herdade de Santos Jorge (Rio Frio, 1919); and the project for the reconstruction of the Church of the Anjos (Lisbon, 1897). He died in Lisbon on 27 January 1942.

domingo, 29 de setembro de 2024

Marcelino Vespeira (1925-2002)

Apertado pela fome (1945, Centro de Arte Moderna Gulbenkian Lisboa)
-
Aroma-amora - Óleo 52 (1950, Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, Lisboa)
-
O Menino Imperativo (1952, Centro de Arte Moderna Gulbenkian Lisboa)
-
Sem Título (1955, Centro de Arte Moderna Gulbenkian Lisboa)
-
Azulejamor Mãe (1978, Centro de Arte Moderna Gulbenkian Lisboa)
-
Marcelino Vespeira nasceu em Samouco (Alcochete) em 9 de Setembro de 1925, tendo falecido e, Lisboa, a Fevereiro de 2002. Fez o curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio e frequentou o 1.º ano de Arquitectura da Escola de Belas Artes de Lisboa, após o que começou a trabalhar em artes gráficas. Convidado por Bernardo Marques, foi colaborador e depois director gráfico (1962) da revista Colóquio/Artes. 
Esteve inicialmente ligado ao Neo-realismo, tendo realizando obras como Apertado pela Fome (1945), com o qual participou na I Exposição Geral de Artes Plásticas (1946). No ano seguinte foi um dos fundadores do Grupo Surrealista de Lisboa, juntamente com Cândido Costa Pinto, Fernando Azevedo, Mário Cesariny e José Augusto França, entre outros. Em 1949 participou na primeira e única exposição do grupo, onde foram apresentadas duas obras de colaboração (Cadavre Exquis): numa, participou com Fernando Azevedo; na outra, com António Pedro, Moniz Pereira, António Domingues e Fernando Azevedo. 
A partir de meados da década de 1950, a sua obra passou para a abstracção, primeiro numa linha geométrica e depois lírica, passando a intitular os quadros com uma simples numeração sequencial. Mais tarde reaproximou-se do universo surrealista, e, nos anos 80 utilizou também a colagem. 
Depois do 25 de Abril de 1974, colaborou com o Movimento das Forças Armadas, tendo sido o autor do símbolo do MFA.
Participou em exposições individuais e colectivas, em Portugal e no estrangeiro, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Paris, Londres, Nova Deli, etc. Em 2000 foi-lhe atribuído o Prémio Nacional de Artes Plásticas da AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte).
-
«Marcelino Vespeira», in Wikipédia [https://pt.wikipedia.org/wiki/Marcelino_Vespeira].
-
Marcelino Vespeira was born in Samouco (Alcochete) on 9 September 1925 and died in Lisbon in February 2002. He studied at the António Arroio School of Decorative Arts and attended the 1st year of Architecture at the Lisbon School of Fine Arts, after which he began working in graphic arts. Invited by Bernardo Marques, he collaborated and later became graphic director (1962) of the magazine Colóquio/Artes
He was initially linked to Neo-realism, producing works such as Apertado pela Fome (1945), with which he participated in the 1st General Exhibition of Visual Arts (1946). The following year he was one of the founders of the Lisbon Surrealist Group, together with Cândido Costa Pinto, Fernando Azevedo, Mário Cesariny and José Augusto França, among others. In 1949, he participated in the group's first and only exhibition, where two collaborative works were presented (Cadavre Exquis): in one, he participated with Fernando Azevedo; in the other, with António Pedro, Moniz Pereira, António Domingues and Fernando Azevedo. 
From the mid-1950s onwards, his work moved towards abstraction, first geometric and then lyrical, and he began to title his paintings with simple sequential numbers. Later, he returned to the surrealist universe, and in the 1980s he also used collage. 
After the 25th of April 1974, he collaborated with the Armed Forces Movement, and was the author of the MFA symbol. 
He participated in solo and group exhibitions in Portugal and abroad, including São Paulo, Rio de Janeiro, Paris, London, New Delhi, etc. In 2000 he was awarded the National Prize for Visual Arts by AICA (International Association of Art Critics).

domingo, 25 de agosto de 2024

Manuel da Maia (1677-1768)

Aqueduto das Águas Livres (1731-1744, Lisboa)
-
Hospital Termal da Rainha D. Leonor (1747-50, Caldas da Rainha)
-
Terceira parte da Dissertação sobre a Renovação de Lisboa, 1756, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Correspondência, mç. 270, n.º 1, cx. 954

-
-
Manuel da Maia nasceu em Lisboa no ano de 1677 (baptizado a 5 de Agosto), tendo falecido na mesma cidade em 17 de Setembro de 1768. Fez a sua carreira no exército, onde se distinguiu como engenheiro e arquitecto. Frequentou a Aula de Fortificação, da qual foi regente. Em 1703-1705, foi incumbido da realização de trabalhos de fortificação em Lisboa, Estremoz, Beira, Abrantes e Elvas. No ano de 1713, traduziu para português os tratados de António de Ville e Pfeffinger. Em 1718, fez um levantamento da cidade de Lisboa. Foi também um dos engenheiros envolvidos na construção do Aqueduto das Águas Livres (Lisboa). Em 1747, participou na reedificação do novo Hospital Termal da Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha, com projecto de Eugénio dos Santos. No ano de 1754, foi nomeado Engenheiro-Mor do Reino. Nesse cargo, esteve envolvido na reconstrução da cidade de Lisboa após o Terramoto de 1755, tendo realizado uma Dissertação que esteve na base das obras, que supervisionou. Entre 1745 e 1768, foi Guarda-mor da Torre do Tombo. Da sua obra, é também o edifício da Câmara Municipal do Redondo.
-
Bibliografia: PEREIRA, José Fernandes, «Manuel da Maia», in dicionário Ilustrado da História de Portugal, Vol. I, Alfa, 1989, pp. 418-419; PEREIRA, Paulo (Dir.), História da Arte Portuguesa, Vol. III, Temas & Debates, 1995; Wikipédia [https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_da_Maia].
-
Manuel da Maia was born in Lisbon in 1677 (baptized on August 5), and died in the same city on September 17, 1768. He made his career in the army, where he distinguished himself as an engineer and architect. He attended the Fortification Class, of which he later was regent. In 1703-1705, he was tasked with carrying out fortification work in Lisbon, Estremoz, Beira, Abrantes and Elvas. In 1713, he translated the treatises of António de Ville and Pfeffinger into Portuguese. In 1718, he surveyed the city of Lisbon. He was also one of the engineers involved in the construction of the Águas Livres Aqueduct (Lisbon). In 1747, he participated in the reconstruction of the new Thermal Hospital of Queen D. Leonor, in Caldas da Rainha, with a design by Eugénio dos Santos. In 1754, he was appointed Chief Engineer of the Kingdom. In this role, he was involved in the reconstruction of the city of Lisbon after the 1755 Earthquake, having written a Dissertation that was the basis for the works, which he supervised. Between 1745 and 1768, he was Chief Guard of the Torre do Tombo (National Archive). His work also includes the building of the Redondo Town Hall.

domingo, 4 de agosto de 2024

Maria Luísa de Sousa Holstein, 3ª Duquesa de Palmela (1841-1909)

 O Pescador (1870)
-
Busto do Marquês de Sá da Bandeira (1883, Sociedade de Geografia de Lisboa, Lisboa)
-
Diógenes (1883, Veritas)
-
-
Fiat Lux (1900, Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, Lisboa)
-
Maria Luísa de Sousa Holstein, 3ª duquesa de Palmela, nasceu em Lisboa a 4 de Agosto de 1841, tendo falecido em Rio do Porto (Sintra), em 2 de Setembro de 1909. Foi discípula do escultor Anatole Célestin Calmels, desde 1858. Entre os primeiros trabalhos, distingue-se a obra O Pescador (1870), onde se nota a influência do Romantismo recebida do seu mestre. Esta obra foi exposta em 1874, na 10ª exposição da Sociedade Promotora de Belas-Artes, juntamente com o retrato em relevo da Condessa de Ficalho. Entre as suas obras mais assinaláveis salienta-se o Diógenes (1883), cujo original em mármore se encontra no Palácio Palmela (Rato, Lisboa), que teve bastante sucesso, sendo realizadas diversas versões reduzidas em bronze. A obra foi exposta em 1884, no Salon de la Société des Artistes Français, tendo voltado a participar no mesmo certame, em 1886, com a obra Sainte-Thérèse (1885), que lhe valeu uma menção honrosa. Os retratos constituem uma parcela importante de seu trabalho, sendo exemplo os bustos do Marquês de Sá da Bandeira (c. 1870, Museu da Sociedade de Geografia de Lisboa) e do Duque da Terceira (Museu Militar). Encaminhando-se progressivamente para o Naturalismo, uma obra a destacar é o busto de Negra (1885), igualmente exposta no Salon parisiense de 1886, que retrata Maria José dos Santos, criada da duquesa de Palmela, e filha dos cozinheiros de seus pais. Pouco depois, esculpiu um dos seus mais aclamados trabalhos, o Fiat Lux, que é uma representação alegórica do Génio do Progresso da Medicina. Obra originalmente feita em bronze, foi oferecida a António de Lencastre, seu médico pessoal. Com o objectivo de se tornar académica de mérito, da Academia Real de Belas-Artes de Lisboa, a duquesa de Palmela fez, em 1900, uma versão em mármore de Carrara, que hoje pertence ao acervo do Museu Nacional de Arte Contemporânea. Outra importante realização foi a escultura Mater Admirabilis. A Duquesa de Palmela foi também ceramista, tendo fundado, com a Condessa de Ficalho, a Oficina ou Fábrica de Cerâmica do Ratinho, no Palácio Palmela.

-

Fernando de Pamplona, Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses, Vol. IV, Barcelos, Livraria Civilização, 1988; pp. 258-259; Sandra Costa Saldanha, «Filantropia e Arte, A Obra de Escultura da 3.ª Duquesa de Palmela», Cidade Solidária, Julho de 2007, pp. 76-80 [https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/92339/1/2007%20-%20Filantropia%20e%20Arte.pdf]; Teresa Campos dos Santos, «Maria Luísa de Sousa Holstein (1841-1909): Construtora de uma obra social», in Revista de História da Arte e da Cultura, Campinas, SP, N.º 18,, 2021, pp. 115–136 [https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/rhac/article/view/15429].

-

Maria Luísa de Sousa Holstein, 3rd Duchess of Palmela, was born in Lisbon on 4 August 1841 and died in Rio do Porto (Sintra) on 2 September 1909. She was a disciple of the sculptor Anatole Célestin Calmels since 1858. Among her early works, The Fisherman (1870) stands out, in which the influence of Romanticism received from her master can be observed. This work was exhibited in 1874, at the 10th exhibition of the Sociedade Promotora de Belas-Artes, together with the relief portrait of the Countess of Ficalho. Among her most notable works is Diógenes (1883), the original in marble of which is in the Palácio Palmela (Rato, Lisbon). It was very successful, and several reduced versions in bronze were produced. The work was exhibited in 1884 at the Salon de la Société des Artistes Français. She participated in the same event again in 1886 with the work Sainte-Thérèse (1885), which earned her an honorable mention. Portraits constitute an important part of her work, examples being the busts of the Marquis of Sá da Bandeira (c. 1870, Museum of the Geographical Society of Lisbon) and of the Duke of Terceira (Military Museum). Progressively moving towards Naturalism, a work worth highlighting is the bust of Negra (1885), also exhibited at the Paris Salon of 1886, which portrays Maria José dos Santos, maid to the Duchess of Palmela and daughter of her parents' cooks. Shortly afterwards, she sculpted one of his most acclaimed works, the Fiat Lux, which is an allegorical representation of the Genius of the Progress of Medicine. Originally made of bronze, the work was given to António de Lencastre, her personal doctor. With the aim of becoming an academic of merit at the Royal Academy of Fine Arts in Lisbon, the Duchess of Palmela created a version in Carrara marble in 1900, which today belongs to the collection of the National Museum of Contemporary Art. Another important achievement was the sculpture Mater Admirabilis. The Duchess of Palmela was also a ceramist, having founded, with the Countess of Ficalho, the Ratinho Ceramics Workshop (or Factory) in the Palmela Palace.